Lula desagrada grupos de direitos humanos ao dizer que não ‘remoeria’ memórias do golpe de 64
A fala foi considerada ‘equivocada’ pela ‘Coalizão Brasil por Memória, Verdade, Justiça, Reparação e Democracia’
A fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre “tocar a história para frente” não foi bem aceita pela “Coalizão Brasil por Memória, Verdade, Justiça, Reparação e Democracia”. Durante entrevista para o canal “RedeTV!”, conduzida pelo jornalista Kennedy Alencar, o chefe do Executivo declarou que não remói o golpe militar de 1964 e, na verdade, se preocuparia mais com os acontecidos de 8 de janeiro de 2023.
O petista declarou que trataria o assunto da maneira mais tranquila possível. Além disso, ele assegurou estar mais preocupado com os acontecimentos do 8 de janeiro de 2023 do que com 1964. “Eu, sinceramente, vou tratar da forma mais tranquila possível. Eu estou mais preocupado com o golpe de 8 de janeiro de 2023 do que com 64. Eu tinha 17 anos de idade, estava dentro da metalúrgica Independência quando aconteceu o golpe de 64. Isso já faz parte da história. Já causou o sofrimento que causou. O povo já conquistou o direito de democratizar esse país”, disse o petista.
“O que eu não posso é não saber tocar a história para frente, ficar remoendo sempre, remoendo sempre, ou seja, é uma parte da história do Brasil que a gente ainda não tem todas as informações, porque tem gente desaparecida ainda, porque tem gente que pode se apurar. Mas eu, sinceramente, eu não vou ficar remoendo e eu vou tentar tocar esse país para frente”, completou.
Resposta a Lula
Em nota, o grupo de direitos humanos “Coalizão Brasil por Memória, Verdade, Justiça, Reparação e Democracia” informou considerar o discurso proferido como “equivocado”. “Por isso, repudiar veementemente o golpe de 1964 é uma forma de reafirmar o compromisso de punir os golpes também do presente e eventuais tentativas futuras.”, afirma o texto.
Ao final, foi escrita uma mensagem a Lula. “Por isso tudo, presidente, falar sobre o golpe de 1964 não é remoer o passado. É algo fundamental para que o senhor e seu governo continuem avançando em uma agenda voltada para transformar definitivamente o futuro do país, com vistas a construir um país cada vez mais justo e democrático”, concluiu a organização.