Verticalização de moradias salta quase 5% em Goiás, aponta censo do IBGE
O município goiano com maior crescimento de moradores residindo em apartamento foi Valparaíso de Goiás
Nos últimos anos, tem-se observado um fenômeno marcante nas paisagens urbanas ao redor do mundo: a verticalização das cidades. O Censo Demográfico 2022, feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelou que o perfil Urbano está passando por uma transformação. E a verticalização das moradias, ou seja, a construção de prédios e apartamentos está crescendo cada vez mais.
Em cada canto da cidade é visível a construção de edifícios. Prédios que futuramente terão novos moradores nas centenas de apartamentos. Um comportamento populacional que dobrou nos últimos 12 anos. Esse dado foi é o resultado da pesquisa de características dos domicílios do Censo 2022, que mostrou que 70% dos habitantes moram em casas comuns, e outros 24% em apartamentos.
“Nos grandes centros urbanos, a questão da localização do imóvel é fundamental para explicar esse processo, mas isso tem a ver também com o custo de moradia, o qual parece ser uma das principais razões para o aumento da verticalização nos municípios menores”, aponta o superintendente do IBGE em Goiás, Édson Ribeiro Vieira.
“Esse processo tem ocorrido paulatinamente nos últimos anos e parece sim ser uma tendência”, exemplificou Édson. O superintendente disse ainda que para se ter uma ideia, o percentual da população vivendo em apartamentos em Goiânia apurado pelo Censo Demográfico de 2010 foi de 15,0%. Já no Censo 2022, esse percentual foi de 24,3%.
Entre os fatores do crescimento da verticalização estão o custo da compra de um imóvel e a localização privilegiada. O censo também mostrou que em Goiás cerca de 12% da população não tem acesso a água tratada. Além disso, apenas 52% dos goianos tem rede de esgoto, e mais de 20% ainda utiliza o sistema de fossas para dispensar resíduos, motivos sanitários que justificam a verticalização.
No que diz respeito ao esgotamento sanitário, o Censo 2022 apurou que Goiás possui um percentual de pessoas morando em domicílios com acesso à rede geral (52,2%) menor do que o do Brasil (62,5%). Considerando os 26 estados e o Distrito Federal, Goiás ocupa a 11ª posição nesse quesito.
Comparando com 2010, em 2022, os municípios goianos com maiores crescimentos de moradores residindo em apartamento foram Valparaíso de Goiás, com aumento de 24,25 pontos percentuais (p.p); Cidade Ocidental, com alta de 20,40 p.p.; Águas Lindas de Goiás, com aumento de 10,53 p.p.; Goiânia, com crescimento de 9,31 p.p.; e Anápolis, com aumento de 9,31 p.p.
O município de Goiânia, por exemplo, possui melhores indicadores relativos ao serviço de água potável e ao esgotamento do que a média do estado, mas outros fatores são importantes nessa decisão, como a dinâmica do mercado de trabalho e o acesso a serviços de educação e saúde, por exemplo.
O Jardim América, em Goiânia, está se modernizando rapidamente, com muitos novos prédios residenciais, transformando o perfil urbanístico do bairro. Principalmente entre a T-9 e a T-10, as incorporadoras já adquiriram áreas para 13 novos lançamentos de empreendimentos, que devem acontecer nos próximos dois anos. “Esse foco no Jardim América não apenas reflete nossa busca por excelência, mas também projeta uma valorização expressiva do bairro, impulsionada
pelos lançamentos recentes e pela estratégica aquisição de terrenos”, afirma Fernando Razuk, presidente do Conselho da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO)
Para muitos, a troca de moradias horizontais por apartamentos representa um compromisso entre tradição e modernidade, entre o conforto do lar e a conveniência da vida urbana. Ana Oliveira, que recentemente se mudou com sua família para um condomínio de apartamentos, compartilha sua perspectiva: “Embora sinta falta da sensação de espaço de nossa antiga casa, estamos gostando das facilidades que o prédio oferece, como a área de lazer e a segurança 24 horas. É uma mudança de estilo de vida, mas estamos nos adaptando.”
O município em destaque foi Valparaiso, que saiu da 111° posição para 14º lugar no ranking dos 5.568 municípios brasileiros. Sendo a cidade goianos com maior crescimento de prédios e apartamentos. Para as próximas estatísticas, os especialistas acreditam que o aumento populacional vai puxar ainda mais a verticalização das cidades. Já que onde há pessoas, é preciso moradias
Em bairros que antes eram compostos por casas térreas e quintais espaçosos, agora surgem torres de apartamentos que dominam o horizonte. Essa transformação tem levado muitas famílias a abandonarem suas casas e optarem por viver em apartamentos. Maria Silva, moradora de um bairro suburbano há mais de duas décadas, compartilha sua experiência: “Decidimos nos mudar para um apartamento no centro da cidade devido à conveniência e à segurança. Embora sinta falta do quintal, a praticidade de viver em um prédio com todas as comodidades é inegável.”
A verticalização das cidades é impulsionada por uma série de fatores, incluindo a escassez de terrenos disponíveis, o aumento populacional e a necessidade de aproveitar melhor o espaço urbano. Como resultado, vemos o surgimento de edifícios residenciais cada vez mais altos, que oferecem uma solução eficiente para acomodar um grande número de pessoas em um espaço limitado. Essa tendência tem levado ao desenvolvimento de áreas urbanas mais densas e multifuncionais, com uma mistura de residências, escritórios e espaços comerciais.
No entanto, o crescimento da verticalização também levanta preocupações sobre o abandono das moradias horizontais e seus impactos nas comunidades tradicionais. “Muitas vezes, as áreas anteriormente ocupadas por casas unifamiliares são transformadas em terrenos para a construção de edifícios de apartamentos, resultando na perda de espaços verdes e na descaracterização do ambiente urbano. Além disso, o aumento da densidade populacional pode sobrecarregar a infraestrutura existente, levando a problemas como congestionamento de tráfego e falta de estacionamento”, comenta o engenheiro ambiental, Lucas Soterio Sousa.
Apesar das preocupações, a verticalização das cidades também traz benefícios, como a otimização do uso do espaço, o aumento da eficiência energética e a criação de novas oportunidades econômicas. A chave para lidar com esse fenômeno de forma sustentável é encontrar um equilíbrio entre o desenvolvimento vertical e horizontal, preservando as características distintivas das comunidades urbanas enquanto se adapta às necessidades em constante evolução das cidades modernas.