Com instabilidade no campo, tomate chega mais caro na mesa do consumidor
Segundo o IPCA o preço médio do tomate teve um aumento de cerca de 30% nos últimos 3 meses
O tomate está sempre presente no cardápio do goiano. Mas em meio a um cenário de elevação de preços, o tomate, um ingrediente essencial na culinária mundial, tem se destacado como um dos protagonistas dessa escalada. Comerciantes e consumidores têm sido obrigados a repensar suas escolhas e buscar alternativas viáveis para substituir o queridinho das saladas, molhos e pratos diversos.
A elevação nos preços do tomate tem sido uma realidade que afeta diretamente o bolso dos consumidores e a dinâmica dos comerciantes. Em entrevista exclusiva para o jornal, o proprietário de um supermercado local, Alberto Cambechi Silva, expressou sua preocupação: “Nunca vimos um aumento tão expressivo no preço do tomate como neste último trimestre. Isso tem impactado diretamente nossos custos e, consequentemente, o preço final dos produtos para os consumidores”.
Segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o preço médio do tomate teve um aumento de cerca de 30% nos últimos três meses, deixando muitos consumidores surpresos e buscando alternativas.
Seja na salada ou no molho de macarrão, cada um sempre tem uma receita. “Um tomate, arroz e carne moída é sempre muito bom. Mas com o preço, ele tá fora do meu prato. Troquei pelo alface”, conta dona Luciene Lima, administradora. Os supermercadistas também têm sofrido com a alta. “Sempre que a gente tem ido ao Ceasa estamos sentindo esse aumento no preço da caixa do produto”, relata o empresário Felipe Souza Campos.
Com um cenário desafiador, tanto comerciantes quanto consumidores têm buscado criatividade e flexibilidade para contornar os altos preços do tomate. Um dos principais destinos para encontrar alternativas é o setor de hortifrúti dos supermercados, onde outros vegetais têm ganhado destaque, como cebola, repolho e hortaliças como alface, couve e rúcula.
Na casa da Fabiana Nunes, que também é gastrologa, o tomate entra desde uma salada, até molhos e outras receitas. Um alimento que nunca faltou à mesa. Nós já compramos tomates de R$ 1,99, no máximo R$ 4,50, mas agora pagar quase 10 reais no quilo do produto tá difícil. Prefiro tirar da minha lista de feira da semana e esperar o preço baixar”, argumenta consumidora que só compra o fruto quando existe promoção nos hortifrutis.
Dona Maria Santos conta que não consegue fazer as refeições diárias sem uma saladinha de tomate, e compartilha suas estratégias com a alta no preço do produto. “Com o preço do tomate tão alto, tenho optado por utilizar pimentões, cenouras e até mesmo abobrinhas em meus pratos. Não é a mesma coisa, mas ajuda a manter a diversidade e o sabor nas refeições, sendo uma ótima opção saudável também”, conta a aposentada.
Os comerciantes, por sua vez, têm buscado diversificar suas ofertas e oferecer opções que atendam às necessidades dos consumidores preocupados com os preços. Em uma conversa com Pedro Oliveira, proprietário de uma banca nas feiras de rua, ele compartilhou as alternativas. “Percebemos que os clientes estavam preocupados com o aumento dos preços do tomate, então começamos a oferecer descontos em outros vegetais, como pepinos, cebolas e alfaces. Isso tem ajudado a manter o movimento e a satisfação dos clientes”.
Segundo a Central de Abastecimento de Goiás (Ceasa-Go) o preço do tomate estava instável, mas com tendência de alta, porém nas últimas semanas houve uma queda. “A caixa que chegou a custar R$ 140, hoje (19) foi comercializada a R$ 110”, apontou o órgão. “A instabilidade foi devido a incidência de compradores de outros estados, como do Sul, comprando direto dos produtores, porém agora normalizou”, complementou.
Para Ana Garcia, proprietária de um restaurante na região leste da capital, a elevação nos preços do tomate tem sido um desafio na hora de montar o buffet de saladas do estabelecimento. “O tomate é um ingrediente fundamental em muitas das minhas receitas. Com os preços disparando, tenho buscado alternativas criativas, como utilizar molhos de outras bases, como abóbora e cenoura, para substituir o tomate em alguns pratos”.
Diante do aumento nos preços do tomate, comerciantes e consumidores têm demonstrado resiliência e adaptabilidade, buscando alternativas viáveis para contornar esse desafio. Enquanto o mercado se ajusta a essa nova realidade, a criatividade na cozinha e a flexibilidade nas escolhas de compras têm sido essenciais para manter a qualidade das refeições e o equilíbrio financeiro.
“Assim como a maioria dos alimentos básicos, a produção e comercialização do tomate também sofre com os efeitos sazonais ligados à entressafra (período que ocorre após o fim da colheita até o início de um novo ciclo produtivo) e, mais recentemente, conta ainda com os impactos das fortes variações climáticas”, aponta o Ceasa Goiás, acrescentando que a tendência para o mês de março é de uma possível queda no preço do produto.