Transbordo de água contaminada de uma mineradora causou mortandade de peixes em 2022, segundo a Polícia Civil
Alto índice de rejeito contaminante foi encontrado na represa da mineradora em Crixás
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No último dia do mês de maio de 2022, moradores de Crixás ficaram horrorizados com um grande número de peixes mortos na ribanceira do Rio Vermelho, que pode ter chegado a centenas de peixes afetados pelas imagens compartilhadas nas redes sociais. Em seguida, uma investigação por parte da equipe da Prefeitura de Crixás levantou a suspeita de um suposto crime ambiental ocorrido nas proximidades.
Contudo, a resposta do problema pode ter ressurgido nesta quarta-feira (27) cerca de dois anos depois com o fim do inquérito da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente (Dema). Segundo o delegado Luziano Carvalho da Dema, ao jornal O Hoje, o fim do inquérito aponta para um vazamento de água de uma represa de mineração a pouco mais de um quilômetro da cidade. Nestes casos, a água da barragem continha “alto índice de rejeito danosos à sociedade”, como apurado pela Polícia Técnico Científica em conjunto com análise da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad).
De acordo com ele, uma possível pequena quantidade de materiais contaminantes de alto risco em grandes densidades pode ter vazado da represa a partir da falha de um equipamento do local. “Quando fomos lá encontramos que a bomba de água da represa estava quebrada e por isso transbordou água contaminada de resíduos tóxicos para o curso da água”, apesar do potencial risco, luziano esclarece que até o momento não houve contaminação humana.
Segundo ele, foi constatado manchas e uma textura oleosa da água pela perícia feita pela delegacia em pontos específicos do rio. Todas as partes contaminadas foram retiradas e tratadas pela secretaria. Com isso, Luziano alerta que não há previsão de que ainda restam os materiais contaminantes nos pontos analisados. O inquérito finalizado já foi enviado para a justiça municipal para que a empresa se responsabilize do dano ambiental.
Contudo, esta não foi a primeira vez que Rio Vermelho foi vítima de uma contaminação. Como alerta o delegado, pode ser dito que o vazamento de rejeitos para a água do rio é algo “recorrente”. “Nós temos uma situação de mortalidade de peixes que é muito recorrente naquela região. Em 1994 houve mortalidade de peixe por contaminação de cianeto e arsênico, em 2020 tivemos outra situação envolvendo a alteração das análises de água, e agora temos outra em 2022”. Por causa desta recorrência, Luziano acredita ser necessário maiores medidas para resguardar a vida local bem como as cidades e comunidades que dependem do rio para a sobrevivência.
Ainda sobre isso, houve outro incidente no começo de março de 2024 envolvendo mortes dos animais em quatro pontos do Rio Vermelho, até o seu encontro com o Rio Araguaia, pelo baixo grau de oxigênio dissolvido na água. Contudo, o caso ainda segue em investigação pela secretaria. E similarmente, uma das suspeitas apontada pela pasta é a possibilidade do despejo irregular de resíduos orgânicos no rio em grande escala.
Apesar do término do inquérito, este pode não ser o fim da história como um todo, como fala o delegado. De acordo com ele, planeja um acompanhamento em uma nova pesquisa de campo no município para averiguar se ainda existem materiais contaminantes em outros pontos do rio, bem como se afetou a população do município. “A partir da conclusão deste inquérito, nós iremos voltar para ver como realmente está a situação de saúde dos crixaenses”.