Endividamento das famílias brasileiras atinge recorde cartão de crédito é o vilão
Especialistas apontam necessidade de planejamento financeiro e consumo consciente para evitar dívidas
O endividamento das famílias brasileiras atingiu um novo recorde em maio de 2024, alcançando 78,8%, conforme dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O percentual representa um aumento em relação aos 78,5% registrados em abril e aos 78,3% de maio do ano anterior. O principal fator para esse crescimento é o uso excessivo de cartões de crédito, que têm se tornado uma armadilha para muitos consumidores.
A professora Mayanna Marinho, especialista em Administração da Estácio, explica que a cultura de parcelar compras no Brasil contribui significativamente para o endividamento. “O brasileiro tem o hábito de parcelar suas compras e raramente paga à vista. Embora o ideal fosse pagar tudo à vista, a realidade financeira não permite isso. Portanto, o primeiro passo é avaliar o valor das parcelas que cabem no orçamento mensal”, orienta.
Segundo Marinho, o uso desenfreado do cartão de crédito está frequentemente associado ao consumo de itens não essenciais ou à falta de recursos para cobrir despesas mensais. “O uso excessivo do cartão de crédito geralmente está ligado ao consumo de coisas supérfluas ou à falta de dinheiro para pagar contas mensais,” observa. Ela ressalta que muitos consumidores são seduzidos pela possibilidade de parcelar compras, o que pode dar uma falsa sensação de poder aquisitivo, levando à aquisição de bens além da capacidade financeira.
Para mitigar o problema, Marinho sugere um planejamento financeiro familiar mais rigoroso. “O orçamento familiar deve ser feito em conjunto, com a participação de todos os membros da família. É necessário mapear todas as despesas, como aluguel, contas de luz, água, condomínio, comida e internet, para entender quanto se consome em cada área e quanto pode ser destinado a lazer e outras despesas extras”, aconselha.
Aqueles que já estão endividados devem evitar pagar apenas o valor mínimo das faturas de cartão de crédito. “Isso cria uma bola de neve de juros sobre juros. É essencial negociar com os credores e cortar o uso do cartão até que a dívida seja liquidada. Mantenha o foco em pagar o que está comprometido e reorganize todo o consumo para conseguir saldar as dívidas,” orienta a especialista.
Com limites de consumo elevados e opções de parcelamento facilitadas, os cartões de crédito podem induzir ao consumo irresponsável. “O cartão de crédito pode oferecer uma sensação enganosa de capacidade de compra, levando as pessoas a adquirirem bens mais caros do que realmente podem pagar,” adverte Marinho, alertando para a necessidade de maior consciência e controle financeiro por parte dos consumidores.