Preço do etanol sobe mais de 8% e gasolina tem alta de 5,6% na Capital
Combustíveis acumulam série de altas após o reajuste da Petrobras. Motoristas sentem o peso no bolso a cada litro registrado nas bombas
Alexandre Paes
Os motoristas goianos têm sentido no bolso o impacto das sucessivas altas nos preços da gasolina e do etanol. Nesta quinta-feira (25), o litro da gasolina já era encontrado por até R$ 6,69 nos postos de Goiânia, enquanto o etanol custava até R$ 4,69. Esses aumentos são reflexo do reajuste recente anunciado pela Petrobras e dos contínuos aumentos nos preços do etanol nas usinas goianas.
Na capital, entre as semanas de 7 a 13 de julho e de 14 a 20 de julho, o preço médio da gasolina passou de R$ 6,04 para R$ 6,38, uma alta de 5,6%. No mesmo período, o preço médio do etanol subiu de R$ 4,04 para R$ 4,37, um reajuste de 8,1%.
Ao Jornal O Hoje, o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo em Goiás (Sindiposto), Marcio Andrade, disse que a escalada nos preços é consequência do aumento de R$ 0,20 no preço da gasolina nas distribuidoras, anunciado pela Petrobras no último dia 9 de julho, e dos aumentos no preço do etanol nas usinas.
“O etanol hidratado e o anidro tiveram sucessivos aumentos nas últimas semanas. O litro do etanol hidratado nas usinas goianas passou de R$ 2,26 para R$ 2,59 nas últimas cinco semanas, e o anidro subiu de R$ 2,60 para R$ 2,90”, explica Andrade.
Ele destaca que a gasolina possui 27% de mistura de etanol anidro, o que justifica o aumento da gasolina ser maior que o anunciado pela Petrobras. “O preço vem aumentando centavos toda semana nos últimos 60 dias, e os postos seguram o reajuste enquanto podem para não repassarem todas as vezes que a distribuidora apresenta um novo valor”, afirma Andrade. “Mas chega um momento em que a diferença fica insuportável, e o repasse acontece de uma só vez.”
Andrade também aponta que o aumento da demanda por etanol contribui para os reajustes. “Com a gasolina mais cara, em vários estados o etanol passou a compensar. Em Goiás, estamos vendendo 70% de etanol e 30% de gasolina por causa da paridade favorável”, diz ele.
O presidente do Sindicato da Indústria de Fabricação de Etanol do Estado (Sifaeg), André Rocha, acrescenta que a alta demanda por etanol está relacionada à oferta e procura no mercado. “A demanda está elevada e há uma percepção de que teremos uma safra menor este ano devido ao clima seco. Com a previsão de chuvas abaixo da média na primavera, a expectativa é que a safra termine mais cedo, no fim de outubro ou começo de novembro”, conclui.
“Cada centavo pesa”
Os motoristas goianos sentem os efeitos no dia a dia. “Toda semana a gente vê o preço aumentar. Está difícil manter o carro na rua”, comenta Rafael Souza, motorista de aplicativo em Goiânia. Ele relata que tem procurado alternativas para economizar combustível. “Tento rodar mais em horários de menos trânsito e planejar melhor as rotas para não gastar tanto.”
Mara Souto, comerciante, também se queixa dos reajustes. “Tenho que usar o carro para transportar mercadorias e as contas só aumentam. Está complicado repassar esses custos para os clientes, então o lucro diminui”, desabafa.
As perspectivas indicam que, enquanto a paridade entre gasolina e etanol for favorável ao etanol, a demanda deve permanecer alta, pressionando ainda mais os preços. Para os motoristas goianos, o desafio de equilibrar o orçamento com os custos crescentes dos combustíveis continua. (Especial para O Hoje)