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terça-feira, 26 de novembro de 2024
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Exposição

Naná Vasconcelos: 80 anos do gênio da música mundial

A vida e obra do percussionista pernambucano que revolucionou a música com seu berimbau e legado internacional

Postado em 6 de agosto de 2024 por Luana Avelar
Do Recife aos principais palcos internacionais, a trajetória de Naná Vasconcelos é marcada pela genialidade e versatilidade
Do Recife aos principais palcos internacionais, a trajetória de Naná Vasconcelos é marcada pela genialidade e versatilidade | Foto: Zanone Fraissat

Na última sexta-feira (2), Naná Vasconcelos teria completado 80 anos. Para marcar a data, o espaço Itaú Cultural, em São Paulo, inaugurou uma exposição especial em homenagem ao músico. Pela primeira vez, o berimbau de Naná, que se tornou símbolo de sua identidade artística, foi apresentado ao público sem o seu mestre. Esse gesto representa não apenas a memória do artista, mas também o reconhecimento de sua contribuição para a música mundial.

Nascido em Recife, em 1944, Juvenal de Holanda Vasconcelos, mais conhecido como Naná Vasconcelos, iniciou sua trajetória musical desde cedo. Aos sete anos, já demonstrava habilidades excepcionais para a percussão, explorando uma ampla gama de instrumentos. Nos anos 60, especializou-se no berimbau, com o qual se tornou um virtuoso, e mudou-se para o Rio de Janeiro, onde sua carreira decolou. Gravou com Milton Nascimento, com quem viajou para a Argentina, e colaborou com artistas como Geraldo Azevedo e Geraldo Vandré, sendo membro do Quarteto Livre.

A década de 70 marcou a expansão internacional de sua carreira. Morando em Paris e Nova York, Naná integrou projetos ao lado de grandes nomes do jazz e da música mundial. Tocou com o saxofonista argentino Gabo Barbieri, com o pianista Egberto Gismonti e com o trompetista Don Cherry, integrando o grupo Codona. Essa colaboração resultou em três álbuns que mesclavam jazz, música brasileira e influências africanas. Além disso, participou de gravações com o guitarrista Pat Metheny e o violinista francês Jean-Luc Ponty, e foi convidado a tocar com a banda Talking Heads. Sua percussão foi ouvida em alguns dos principais palcos do mundo, incluindo o prestigiado Festival de Jazz de Montreux, na Suíça.

Ele também deixou sua marca no cinema, compondo trilhas sonoras para filmes como ‘Pindorama”, ‘O Menino e o Mundo’, ‘Procura-se Susan Desesperadamente’, com Madonna, e ‘Down By Law’, do cineasta Jim Jarmusch. Sua versatilidade e inovação permitiram que ele criasse paisagens sonoras únicas, capazes de transformar qualquer situação em música.

Apesar de sua fama internacional, Naná nunca perdeu a conexão com suas raízes pernambucanas. De 2002 a 2016, foi o mestre de cerimônias do carnaval do Recife, comandando o tradicional encontro de nações de maracatu no Marco Zero. Esse evento se tornou um marco cultural, reunindo milhares de pessoas para celebrar a cultura popular de Pernambuco. Em 2015, o reconhecimento de sua importância para a cultura brasileira culminou na concessão do título de doutor honoris causa pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).

O artista faleceu em 9 de março de 2016, aos 71 anos, devido a complicações de um câncer de pulmão. Sua morte deixou um vazio na música mundial, mas seu legado permanece vivo. Com oito prêmios Grammy, Naná é o artista brasileiro mais premiado na história da música. Sua habilidade de transformar qualquer objeto em instrumento musical e sua capacidade de inovar continuamente o tornaram uma lenda.

A exposição no Itaú Cultural não apenas celebra o homem que foi Naná Vasconcelos, mas também a imensidão de sua obra e a profunda influência que exerceu e continua a exercer sobre a música e a cultura. Seu berimbau, agora em exibição, é mais do que um instrumento; é um símbolo de sua genialidade e de sua eterna presença no cenário musical global.

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