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quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
Queimadas

Três onças foram encontradas mortas após incêndios no Pantanal

Constantes incêndios podem prejudicar fauna do bioma

Postado em 8 de agosto de 2024 por Tathyane Melo
Constantes incêndios podem prejudicar fauna do bioma | Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil

Os incêndios que devastam o Pantanal já causaram a morte de pelo menos três onças-pintadas, informou o biólogo Gustavo Figueiroa, da rede Brigadas Pantaneiras, que está na linha de frente do combate às queimadas. Na última segunda-feira (5), a equipe de conservação foi comovida pela descoberta de dois filhotes carbonizados no município de Aquidauana, Mato Grosso do Sul. A terceira onça foi encontrada na propriedade do recanto ecológico Caiman, em Miranda, a cerca de 75 quilômetros de Aquidauana.

A morte das onças-pintadas ilustra o impacto devastador dos incêndios no Pantanal. “A onça é um predador topo de cadeia, é um animal que é super importante para o ambiente, além de ser super ágil – consegue fugir, nadar, escalar árvores. E quando você vê onças sendo queimadas, imagina todo o resto da fauna que é muito mais lenta e menos ágil”, explicou Figueiroa.

Um estudo publicado em abril no Global Change Biology destacou que, durante o megaincêndio de 2020, as onças-pintadas foram as únicas das oito espécies investigadas que não sofreram redução populacional significativa, devido à sua capacidade migratória. No entanto, os pesquisadores alertaram que a crescente frequência e gravidade dos incêndios, causados pelo homem, provavelmente terão efeitos deletérios na distribuição e persistência das espécies.

Espécies Vulneráveis

O tatu-canastra, por exemplo, foi identificado como uma das espécies mais suscetíveis aos danos causados pelo fogo. Com populações já reduzidas, lentas taxas de reprodução e dificuldade de fuga, esses animais buscam refúgio em tocas durante os incêndios, mas a elevada temperatura do solo e a inalação de fumaça causam alta mortalidade.

A antecipação do período de seca, provocada pela mudança climática, e a intensidade das queimadas deste ano já ultrapassam os números de 2020, quando 43% do bioma foi queimado. “É um impacto gigantesco porque é uma fauna que vem sofrendo ao longo dos últimos anos, com esses incêndios repetidos e constantes e essa resiliência vai sendo perdida. Então, muitas espécies têm um declínio populacional e é possível que tenha extinções locais”, destacou Gustavo.

Desafios no combate ao fogo

O combate às queimadas no Pantanal enfrenta várias dificuldades. As brigadas têm dificuldades de acesso a algumas áreas, especialmente aquelas com vegetação mais alta. Nesses locais, são aplicadas técnicas como aceiros – faixas de terra onde a vegetação é removida para interromper a propagação do fogo – e o uso de contrafogo.

Além disso, as condições climáticas atuais complicam o trabalho das brigadas. “Durante essas ondas de calor, com essa secura, fica muito fácil para o fogo se alastrar, mesmo em áreas que a gente já combateu, já controlou o fogo. Dependendo do vento e da temperatura, muitas dessas brasas reacendem e podem ser jogadas para áreas que não queimaram ainda e isso dificulta muito o trabalho”, explicou Figueiroa.

Esforços de conservação

O Grupo de Resgate Técnico Animal do Pantanal (Gretap) está atuando com 30 profissionais especializados em salvamento da fauna silvestre. Os animais resgatados que precisam de cuidados são encaminhados aos centros de reabilitação de Corumbá e Campo Grande. De acordo com o último boletim divulgado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, até o último domingo (4), 564 animais silvestres foram resgatados.

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