Quem foi Delfim Netto, conselheiro de Lula e signatário do AI-5
Economista era formado na USP e atuou como ministro da Fazenda no período da ditadura militar
Antônio Delfim Netto, um dos controversos economistas do país e que dividia a opinião pública, morreu aos 96 anos, nesta segunda-feira (12). Sua carreira política é vasta, sendo uma das figuras centrais no período da ditadura militar. Formou-se em Economia na Universidade de São Paulo (USP) em 1951, onde também atuou como professor.
Ministro da Fazenda entre 1967 e 1974 – nos governos de Costa e Silva e Médici – durante o período dos militares no comando do país, é atribuído a Netto (e a outros, obviamente) o título de responsável pelo “milagre econômico”, período em que a economia brasileiro deu um boom em seu crescimento.
Atuou como ministro do Planejamento, entre 1979 e 1985, além de ser ministro da Agricultura do governo de Figueiredo, de 1967 a 1984. Porém, o currículo do economista também dá lugar para o fato de Delfim ser um dos signatários do Ato Institucional número 5 – popularmente conhecido como AI-5. O decreto endureceu ainda mais o regime militar, permitindo a perseguição de políticos, profissionais da imprensa e quem mais se opusera ao governo militar.
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Ao fim da ditadura militar, Delfim Netto foi deputado federal por 20 anos em São Paulo. Em 2018, o ex-ministro voltou a ser notícia quando foi investigado pela Operação Lava Jato. A força-tarefa alegou que o ex-ministro recebeu R$ 15 milhões de Antonio Palocci, sendo R$ 4,4 milhões pagos via contratos fictícios de consultoria. Delfim Netto negou as acusações, e afirmou que todos os serviços foram prestados.
Sua paticipação ativa na ditadura não impediu relação próxima com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Chegou a ser conselheiro dos governos petistas das décadas passadas. O atual presidente lamentou a morte do ex-ministro. “Delfim participou ativamente da formulação das políticas econômicas daquele período”, disse Lula, em nota divulgada pelo Palácio do Planalto. O presidente completou dizendo que “quando o adversário político é inteligente, ele nos estimula a sermos mais inteligentes e competentes.”