Governo central fecha julho com déficit primário de R$ 8,5 Bilhões, estima Ipea
Receitas aumentam, mas despesas previdenciárias menores não evitam déficit nas contas públicas
As contas do governo central registraram um déficit primário de R$ 8,5 bilhões em julho, segundo estimativa preliminar do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Esse cálculo foi baseado em dados da execução orçamentária do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) do governo federal.
O déficit primário é a diferença entre as receitas e as despesas do governo, excluindo os juros da dívida pública. Embora as receitas líquidas do governo tenham crescido no mês de julho, a despesa total ainda superou as entradas, resultando no déficit.
No acumulado dos primeiros sete meses de 2024, o déficit primário já alcança R$ 76,6 bilhões, considerando os preços ajustados para julho. Para efeito de comparação, no mesmo período de 2023, o déficit foi maior, chegando a R$ 81,5 bilhões.
Crescimento da Receita e Redução das Despesas
Em julho de 2024, a receita líquida do governo central foi de R$ 184,4 bilhões, representando um crescimento de 10,1% em relação ao mesmo mês de 2023. Esse aumento na arrecadação foi um ponto positivo nas contas públicas, impulsionado principalmente pelo bom desempenho das receitas administradas pela Receita Federal do Brasil (RFB). No acumulado do ano até julho, a receita líquida teve uma variação positiva de 8,7%, o que corresponde a um crescimento de R$ 100,4 bilhões, a preços constantes.
O Ipea destacou que o aumento nas receitas foi fortemente impactado pela arrecadação da RFB, que registrou um acréscimo de R$ 104,1 bilhões (11,6%) no período. Esse crescimento reflete a eficiência na coleta de impostos e outras receitas administradas pelo órgão.
Por outro lado, as despesas totais do governo central chegaram a R$ 192,9 bilhões em julho, o que representa uma queda de 5,9% em relação ao mesmo período do ano passado. Essa redução nas despesas foi influenciada, principalmente, pela diminuição de R$ 21,2 bilhões nas despesas com benefícios previdenciários, conforme apontado pelo Ipea.
O Instituto também observou que o pagamento de despesas do Executivo, sujeitas a programação financeira, contribuiu para a queda nas despesas totais. No entanto, mesmo com essa redução, o valor das despesas continuou superando as receitas, o que levou ao déficit primário registrado no mês.
Acumulado do Ano: Receitas Crescem, mas Despesas Aumentam
Apesar do crescimento nas receitas, o acumulado dos primeiros sete meses de 2024 mostra que as despesas também aumentaram, o que continua pressionando as contas públicas. De janeiro a julho, as despesas do governo central cresceram R$ 95,5 bilhões, representando um aumento real de 7,8% em relação ao mesmo período do ano passado.
Esse crescimento nas despesas é preocupante, pois mostra que, mesmo com o aumento nas receitas, o governo ainda enfrenta dificuldades em equilibrar suas contas. O aumento nas despesas reflete a continuidade de programas e políticas públicas que exigem altos investimentos, além de gastos obrigatórios, como o pagamento de salários de servidores e manutenção de serviços essenciais.
Desafios para o Governo
O cenário apresentado pelo Ipea coloca em evidência os desafios que o governo enfrenta para equilibrar suas contas. O crescimento das receitas é um ponto positivo, mas as despesas continuam em alta, dificultando a tarefa de reduzir o déficit primário.
A redução nas despesas previdenciárias em julho pode ser vista como um alívio temporário, mas o aumento acumulado nas despesas de janeiro a julho indica que ainda há um longo caminho para alcançar o equilíbrio fiscal.
A gestão eficiente das contas públicas será fundamental para que o governo consiga reduzir o déficit primário e alcançar suas metas fiscais. Isso envolve não apenas o controle das despesas, mas também a continuidade do bom desempenho na arrecadação de receitas.
Em resumo, o déficit de R$ 8,5 bilhões registrado em julho é um alerta sobre a necessidade de ajustes nas contas públicas. O governo central precisa continuar buscando formas de aumentar suas receitas, ao mesmo tempo em que controla o crescimento das despesas, para evitar que o déficit se amplie ainda mais nos próximos meses. A manutenção da responsabilidade fiscal será crucial para garantir a estabilidade econômica do país.