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terça-feira, 24 de dezembro de 2024
Saúde

Recomendações médicas e impacto do clima na síndrome do olho seco

Problema afeta 14% dos brasileiros e é desafio para goianos durante o inverno

Postado em 15 de agosto de 2024 por Ronilma Pinheiro
Problema afeta 14% dos brasileiros e é desafio para goianos durante o inverno | Foto: Reprodução

O inverno em Goiás não é apenas uma estação fria e seca, mas também um período que intensifica os problemas relacionados à síndrome do olho seco. A umidade relativa do ar no Estado pode cair para níveis alarmantemente baixos, chegando a 10%, o que é inferior até mesmo aos 17% registrados no deserto do Saara.

Na última segunda-feira (12), por exemplo, a umidade chegou a 13% no final do dia em Goiânia. Este fenômeno tem levado a um aumento significativo na prevalência do olho seco, uma condição ocular que, embora relativamente pouco conhecida, afeta uma parcela considerável da população.

De acordo com o oftalmologista Henrique Rocha, presidente da Sociedade Goiana de Oftalmologia (SGO), o ambiente árido de Goiás é um fator crítico que agrava os sintomas dessa síndrome. “Na nossa região, as condições climáticas são extremamente desfavoráveis para a manutenção da umidade ocular. Isso faz com que a incidência da síndrome do olho seco seja muito mais comum durante o inverno”, afirma Rocha. Essa condição é caracterizada pela insuficiente produção ou pela rápida evaporação das lágrimas, levando a desconforto ocular e outros sintomas.

Nacionais e internacionais, estudos mostram que aproximadamente 14% da população brasileira sofre de olho seco. No entanto, em áreas urbanas com alta poluição e condições ambientais desafiadoras, como São Paulo, a prevalência pode chegar a 24% entre os jovens.

A síndrome do olho seco pode causar uma variedade de sintomas desconfortáveis, incluindo ardência, coceira, sensação de areia nos olhos e visão turva. Estes sintomas são particularmente intensificados em ambientes secos e poluídos, como os encontrados em muitas cidades grandes e regiões desérticas.

Rocha destaca a importância do tratamento adequado para minimizar o impacto da síndrome. “Os colírios lubrificantes são uma das principais formas de alívio. Existem diferentes tipos, com viscosidades variadas e alguns sem conservantes, que podem ser usados ao longo do dia para ajudar a manter os olhos umidificados”, explica o oftalmologista.

No entanto, o especialista alerta para os riscos associados ao uso inadequado de colírios. “Muitos produtos disponíveis nas farmácias contêm vasoconstritores e conservantes que, embora ofereçam alívio temporário, podem causar danos a longo prazo. Por isso, é fundamental buscar a orientação de um oftalmologista antes de iniciar qualquer tratamento”, completa.

Além do uso de colírios, outras estratégias podem ser adotadas para combater os sintomas do olho seco. Rocha sugere manter um ambiente com umidade adequada, utilizando umidificadores de ar para contrabalançar a secura do ambiente. O uso excessivo de ar-condicionado, que pode reduzir ainda mais a umidade do ar, também deve ser evitado.

Outro conselho importante é o de piscar regularmente, especialmente durante atividades que exigem alta concentração, como o uso prolongado de computadores e dispositivos eletrônicos. “Quando nos concentramos em tarefas visuais, tendemos a piscar menos, o que aumenta a evaporação da lágrima. Lembrar-se de piscar frequentemente ajuda a manter a superfície ocular lubrificada e reduz os sintomas”, diz Rocha.

Existem dois tipos principais de olho seco que são identificados: o evaporativo e o aquoso. O olho seco evaporativo é causado pela rápida evaporação da lágrima, enquanto o aquoso resulta da baixa produção de lágrima. Diferenciar entre esses tipos é essencial para determinar o tratamento mais eficaz.

Em casos de disfunção da glândula de Meibomius, responsável pela produção de lipídios na lágrima, tratamentos avançados como a luz pulsada têm mostrado resultados promissores. “O tratamento com luz pulsada ajuda a melhorar a qualidade da lágrima e normalmente requer apenas três sessões para que o paciente comece a perceber uma melhora significativa”, explica Rocha. Outra alternativa é o uso de plugs de silicone, que são inseridos no canal lacrimal para reduzir a drenagem das lágrimas, proporcionando alívio prolongado e melhorando a lubrificação ocular.

Com a orientação adequada de um oftalmologista e a adoção de medidas preventivas e terapêuticas, é possível mitigar os sintomas do olho seco e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. “Buscar um oftalmologista é o primeiro passo para um diagnóstico preciso e um tratamento eficaz. Com as abordagens corretas e mudanças nos hábitos diários, podemos controlar a síndrome do olho seco e garantir uma visão mais confortável e saudável”, conclui Henrique Rocha.

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