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terça-feira, 8 de outubro de 2024
Atenção ao Detalhes

Perda de sensibilidade visual pode ser sinal precoce de Alzheimer, aponta estudo

Pesquisa sugere que exames oftalmológicos detalhados podem auxiliar na detecção precoce da doença, destacando a relação entre a saúde ocular e a neurodegeneração

Postado em 21 de agosto de 2024 por Luana Avelar
A conexão entre a saúde ocular e o Alzheimer está ligada à relação próxima entre o cérebro e os olhos | Foto: Divulgação

Um estudo recente realizado pela Universidade de Loughborough, no Reino Unido, revela uma descoberta intrigante e potencialmente transformadora na luta contra a doença de Alzheimer, a forma mais comum de demência neurodegenerativa. Os pesquisadores identificaram que a perda de sensibilidade visual pode ser um dos primeiros sinais dessa doença, oferecendo uma nova perspectiva para o diagnóstico precoce e tratamento da condição. A pesquisa, que monitorou 8.623 indivíduos entre 48 e 92 anos, durante um período de 13 anos (2006 a 2019), destacou a possibilidade de utilizar exames oftalmológicos detalhados como ferramentas na detecção precoce de Alzheimer.

A conexão entre a saúde ocular e a neurodegeneração, segundo o estudo, reside no fato de que o cérebro e os olhos compartilham uma relação próxima. Alterações visuais, como a perda gradual da capacidade de perceber contrastes e mudanças sutis nas cores, podem ser indicativos de alterações neurológicas que precedem os sintomas cognitivos mais evidentes do Alzheimer, como a perda de memória e a confusão mental. O oftalmologista Dr. Rafael Cardoso, ressalta a importância dessa descoberta para a prática clínica. “Se conseguirmos identificar a perda de sensibilidade visual como um sinal precoce de Alzheimer, poderemos intervir de forma mais rápida e eficaz, melhorando significativamente o prognóstico dos pacientes”, afirma Cardoso.

No entanto, o cenário brasileiro apresenta desafios nesse campo. Uma pesquisa realizada pelo Ibope, a pedido da farmacêutica Bayer, revelou um desconhecimento sobre as doenças oculares relacionadas ao envelhecimento. A Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI), que é a principal causa de perda visual na terceira idade, ainda é desconhecida por 74% dos entrevistados. Além disso, 65% das pessoas com mais de 55 anos nunca ouviram falar da DMRI, uma condição que afeta cerca de 3 milhões de brasileiros e, em média, 30 milhões de idosos em todo o mundo.

A falta de conscientização e a escassez de diagnósticos precoces elevam o risco de complicações graves, como a cegueira, que poderia ser evitada com cuidados preventivos adequados. Dr. Rafael Cardoso enfatiza a necessidade urgente de maior conscientização sobre a saúde ocular entre os idosos. “A prevenção, por meio de exames oftalmológicos regulares, é fundamental. Diagnosticar doenças oculares em estágios iniciais não só preserva a visão, mas também pode ser vital para detectar outras condições graves, como o Alzheimer”, comenta.

Cardoso também sublinha a importância de se investir em campanhas de conscientização e em políticas públicas que facilitem o acesso ao diagnóstico e ao tratamento de doenças oculares. A educação em saúde e o acesso a exames oftalmológicos regulares são essenciais para mitigar os impactos da degeneração ocular e, potencialmente, da neurodegeneração. “Com a identificação e tratamento adequados, é possível não só melhorar a qualidade de vida dos pacientes, mas também alterar significativamente o curso de doenças graves”, completa.

A relação entre a perda de sensibilidade visual e o Alzheimer coloca os oftalmologistas na linha de frente da detecção precoce desta devastadora doença. Estudos como o conduzido pela Universidade de Loughborough reforçam a necessidade de integração entre as especialidades médicas e a importância de uma abordagem multidisciplinar no cuidado à saúde dos idosos.

Diante desses novos achados, a recomendação para a população idosa é clara: não subestime a importância dos exames oftalmológicos regulares. Além de proteger a visão, esses exames podem fornecer informações valiosas sobre a saúde geral, incluindo a detecção precoce de condições neurodegenerativas como o Alzheimer. Os esforços para melhorar a conscientização e o acesso ao cuidado oftalmológico devem ser intensificados, pois, com o envelhecimento da população, a demanda por esses serviços tende a crescer.

O avanço no entendimento da relação entre a visão e o Alzheimer pode significar um salto significativo na capacidade de tratar e, possivelmente, prevenir os efeitos mais devastadores da demência. Portanto, a combinação de exames oftalmológicos regulares, aumento da conscientização pública e avanços na pesquisa médica poderá resultar em uma melhoria substancial na qualidade de vida dos idosos, reduzindo os impactos tanto da cegueira quanto da demência.

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