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domingo, 25 de agosto de 2024
Vítimas do trânsito

Cerca de 60% das mulheres goianas sofreram violência no trânsito

Enquanto isso, 74% afirmaram ter presenciado agressões contra outras mulheres no trânsito

Postado em 24 de agosto de 2024 por João Victor Reynol de Andrade
Goiás tem 3.310.064 de condutores das três modalidades de direção, sendo eles 1.159.447 mulheres (35%) e 2.130.419 homens (65%) | Foto: Leandro Braz/ O HOJE

O mês de agosto é tido como a época para conscientização dos vários tipos de violência contra a mulher que ocorrem na sociedade brasileira, com o nome de “Agosto Lilás”. Um destes cenários que possui grande incidência é a violência contra a mulher  no trânsito. 

De acordo com um levantamento de 1.000 mulheres goianas pelo Departamento de Trânsito de Goiás (Detran-GO), 63,1% confirmam ter sido vítimas desta violência. Grande parte destes casos ocorreu na condução com 39,9% dos casos, enquanto isso, 39,2% relataram ter sofrido como pedestres ou passageiras do transporte coletivo e de aplicativo. Além disso, 74% afirmaram ter presenciado agressões contra outras mulheres no trânsito. Este levantamento fez parte de uma campanha educacional chamada “Mulher na direção, respeito é obrigação”. 

Segundo o órgão, Goiás tem 3.310.064 de condutores das três modalidades de direção, sendo eles 1.159.447 mulheres (35%) e 2.130.419 homens (65%). Além disso, entre os meses janeiro a junho de 2024 foram emitidas 406.513 novas Carteira Nacional de Habilitação (CNH), sendo 156.556 (38,5%) para mulheres e 249.957 (61,5%) para homens. Para o gestor do Detran-GO, Delegado Waldir, este resultado já era esperado pelo órgão. “É um dado muito preocupante para a gente, mas já tínhamos um diagnóstico [parecido] quando fizemos nossa ação no Dia Internacional da Mulher”.

Segundo ele, a principal queixa dos motoristas de Goiânia é a agressividade do motorista goiano, que o faz ser considerado como “o pior motorista do País e o mais violento”. Entre as agressões registradas pelas motoristas goianas são: intimidação, uso excessivo da buzina, perseguição, ato obsceno, fechada após desentendimento na via, assédio ou Importunação, agressão física, humilhação ou ridicularização, discriminação religiosa ou política, empurrão, jogada ou retirada do veículo após desentendimento. 

Contudo, afirma que grande parte deste público analisado não fez denúncias das agressões ou compartilhou o caso para pessoas próximas, 82% e 58%, respectivamente. Para o gestor, afirma que é necessário tal denúncia para que cessem este tipo de comportamento. “Na hora, a pessoa não precisa sair do carro. Basta descer o vidro e tirar uma foto da placa do veículo do agressor e enviá-la para as autoridades”, explica.

Vale lembrar que os crimes contra as mulheres tiveram uma alta a nível nacional conforme divulgado pelo O HOJE no dia 29 de julho de acordo com o 18º Anuário de Segurança Pública de 2024. Entre 2022 e 2023 como ameaça, de 668.355 para 778.921 casos. Em Goiás, os números dispararam de 26.350 para 30.406, com uma variação de 15,4%. Enquanto isso, a violência doméstica entre os anos de 2022 e 2023 também subiu de 235.915 para 258.941, em Goiás houve uma elevação de 5.158 para 5.225, uma variação de 1,3%.

Vale lembrar que tal conduta ao volante também ocasiona em possível aumento de acidentes. Como diz a pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) do governo federal, 65,8% dos acidentes são por motivos de imprudência no trânsito, essa que é por desrespeito com as leis de trânsito. Como exemplo, em Goiás, houve um aumento de 40% nas infrações de alcoolismo com a condução de janeiro a julho de 2024 com o mesmo período de 2023, de 6.862 para 9.611 em um ano.

Mais segurança em um trânsito violento

De acordo com o especialista de trânsito, Marcos Rothen, para o jornal O HOJE, grande parte dos acidentes no Estado ocorrem por esse desrespeito às leis. Ainda afirma que os condutores sabem das leis de trânsito, contudo, decidem descomprimir mesmo assim. “O motociclista sabe que não pode furar o semáforo vermelho, ele sabe que não pode subir na calçada. Mas decidem fazer mesmo assim porque não tem fiscalização”, afirma.

Para Marcos, não tem campanha de educação que mude a empatia da população. A resposta, para o especialista, estaria em uma fiscalização mais intensa das ruas do Estado e da Capital. “Quando você vai para São Paulo, por exemplo, não ocorre tanto descumprimento quanto em Goiânia. É porque as pessoas são mais empáticas? Não, é porque tem medo de serem multadas”, afirma.

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