Projeto ganhador de prêmio pode ajudar a engordar o gado goiano
Qualidade da água pode ajudar a engorda do boi em até 250 gramas por dia e prevenir índices de doenças, melhorando o retorno econômico do abate bovino
Quando se fala em pecuária bovina, o processo da engorda é uma grande preocupação dos produtores rurais. Isso porque, para o abate, quanto mais massivo o animal mais lucro pode gerar para o produtor. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Goiás possui um rebanho estimado em 24 milhões de cabeças de gado. Enquanto isso, mais de 70 mil produtores são cadastrados como rebanho de corte e cerca de 40 mil para o rebanho de leiteira.
Por causa disso, a qualidade da ração do animal sempre foi um motivo de atenção dos produtores quanto ao produto final. Do outro lado, a qualidade da hidratação também é de suma importância como diz pesquisas nacionais e internacionais sobre o efeito de uma água de boa qualidade no corpo do animal. De acordo com uma pesquisa com mais de 500 bovinos de médico veterinários do interior de São Paulo, uma água de boa qualidade pode contribuir para uma engorda de até 280 gramas por dia.
Com isso em mente, quatro estudantes da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás) desenvolveram um sistema para verificar a qualidade da água através de micro sensores nas reservas hídricas. De acordo com o estudante de Engenharia de Controle e Automação da PUC Goiás e CEO da startup Doutor Água, Ulisses Xavier, os sensores conseguem mensurar o pH da água em tempo real para verificar a insalubridade. Um dos efeitos dessa verificação contínua e do tratamento da água, segundo o empresário, é a possibilidade da redução em até 15% dos índices de doenças bovinas.
Tal equipamento conseguiu a empresa uma subvenção de R$ 70 mil devido ao baixo custo, a facilidade da coleta de dados, da instalação e do uso. O recurso veio do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Goiás (Senar GO) no último 22 de junho no Desafio Agrostartup regional. Segundo o Xavier, a ideia do aparato veio da própria família do Xavier, que são donos de terra no Estado. “Há uns quatro anos o meu tio me pediu para instalar um sistema de monitoramento com câmera na água do rebanho dele. Há dois anos seguimos essa ideia na iniciação cientifica”, afirma.
Ainda conta um feedback positivo ao apresentar o produto para os produtores rurais. De acordo com Xavier, ainda há uma subestimação da qualidade da água pelos agropecuários e a qualidade dela pode contribuir em outras culturas além da bovina como a suína e de grãos. “Nosso objetivo é o bem estar animal, agropecuário e pessoal, uma vez que a água também é usada pelos produtores. Tudo isso com custo muito baixo e uma instrução técnica de fácil acesso”.
Agora, a equipe está em campo para experimentar o protótipo para concorrer na avaliação estadual com outras 68 equipes. Neste próximo dia 19 de setembro devem apresentar o trabalho e os dados verificados para concorrer em um das 12 vagas de mais uma subvenção ao qual o valor ainda não foi divulgado. Segundo o diretor de tecnologia e inovação do Senar Goiás, Pedro Camilo, nesta segunda fase serão mais 70 municípios de todas as regiões. Além disso, grande parte é da faixa etária de 20 a 35 anos e quase 40% dos participantes são do gênero feminino.
Segundo o diretor, tecnologias como esta proporcionam uma oportunidade tanto aos pequenos produtores como às grandes empresas do ramo do agronegócio. Além disso, fala como pode ajudar os produtores a serem mais conscientes sobre o meio ambiente. “Ouvimos mais de 1500 produtores e está muito claro que eles estão mais preocupados com a questão ambiental e com a água. Nós temos hoje grandes, médias e pequenos produtores que estão preocupados com a água, seja de corte, de grãos, de leite porque o que ele mais quer é que essa água chegue de maior qualidade.”