Caiado tem mais força na transferência de votos não ideológicos que Lula, avalia analista
“A eleição municipal é muito própria, ela é muito focada no contexto local, no cotidiano local e nas forças políticas locais”
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é uma figura popular. Não por acaso, ele foi eleito para seu terceiro mandato no Executivo Federal. Da mesma forma, o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) é reconhecido nacionalmente, mas sobretudo em Goiás. Mas diante de uma eleição municipal, o que isso representa quando o assunto é transferência de votos?
Na prática, a tendência é que o apoio do governador Ronaldo Caiado tenha mais força. Quem explica é o professor e cientista político Marcos Marinho. O analista deixa claro que a questão de transferência de voto é um assunto que deve ser abordado com muito cuidado, principalmente nas eleições municipais. Contudo, alguns dados respaldam a comparação.
Em números de aprovação, Ronaldo Caiado leva ampla vantagem sobre o presidente Lula. Inclusive, pesquisas recentes mostram o goiano como o governador mais popular do País entre os seus. A aprovação de Lula varia por Estado. Dito isso, Goiás não é o local onde o petista possui o maior prestígio – de fato, os dados não são favoráveis.
Nesse cenário, em Goiânia, temos candidatos endossados tanto por Caiado quanto por Lula. Ambos em boa colocação, conforme pesquisas de intenção de votos. Pelo PT do gestor federal, a deputada Adriana Accorsi (PT) concorre ao Paço Municipal. Já o nome do chefe do Executivo estadual é o empresário Sandro Mabel (União Brasil).
Na prática
Na prática, a conversão de votos – na comparação de transferência de votos por Lula e Caiado, o que não quer dizer que a votação se concentre só nos cabos eleitorais – deve ser maior pelo apoio do governador. “A eleição municipal é muito própria, ela é muito focada no contexto local, no cotidiano local e nas forças políticas locais”, diz.
Ao expandir o argumento, ele cita que tanto Lula quanto o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) são figuras emblemáticas do ambiente político. “Só que, na minha visão, eles atuam em uma possível transferência de voto no prisma ideológico. Então, se eu tenho mais apreço por um ou pelo outro, pode ser um elemento que faça eu considerar o apoio deles àquele candidato do meu município, mas isoladamente não tem efeito.”
Ele continua: “Então, eu vou avaliar o quê? Eu vou avaliar o candidato do meu município. E, havendo esse apoio e essa ligação, eu tenho um elemento a mais para motivar o meu voto. No caso do Caiado, a diferença é que ele tem interferência prática no município.” Além disso, Marinho reforça que o governador tem boa avaliação na maioria das cidades goianas.
Assim, por ele fazer uma interferência direta, por meio de programas estaduais, a tendência é que o apoio dele tenha mais força. Especialmente com ele envolvido na campanha, avalia o cientista político. “Então, nas promessas do prefeito é co-participante, o que fica mais coerente na cabeça do eleitor. O que de fato o prefeito está prometendo, ele poderia entregar.”
Ao concluir, Marcos Marinho reforça que, entre Lula, Bolsonaro e Caiado, o governador agrega mais nos municípios goianos, com exceção de eleitores mais ideológicos. “Mas eu imagino que essa seja a minoria.”