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sexta-feira, 22 de novembro de 2024
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Violência

Milhares de manifestantes vão às ruas em defesa de mulher estrupada por mais de uma década

Milhares se manifestam contra a violência sexual

Postado em 14 de setembro de 2024 por Otavio Augusto
Manifestação na França. Foto: Reprodução

Milhares de pessoas foram às ruas neste sábado (14) em várias cidades da França para apoiar Gisèle Pelicot, de 72 anos, cuja história chocou o país. A mulher acusa o ex-marido, Dominique Pelicot, de dopá-la e ser estrupada por mais de uma década. O caso ganhou projeção nacional e internacional e gerou uma onda de apoio às vítimas de violência sexual.

Milhares pessoas protestam na França

A princípio, manifestantes se reuniram em grandes centros, como Paris, Marselha e Rennes, segurando cartazes com mensagens de apoio, como “Todas somos Gisèle” e “Você não está mais sozinha”. Em Paris, mais de mil pessoas participaram da manifestação na Praça da República e entoaram palavras de apoio às vítimas de agressões sexuais.

Em Marselha, mais de mil pessoas se concentraram em frente ao Palácio da Justiça. Lá, penduraram um cartaz com a frase “Para que a vergonha mude de lado”. Em Rennes, no oeste da França, os participantes variaram entre 200 e 400, conforme estimativas oficiais.

Manifestação na França. Foto: Reprodução

O caso veio à tona em 2020, quando Dominique Pelicot filmou as partes íntimas de uma mulher em um shopping. Durante a investigação, a polícia encontrou em seus computadores mais de 4.000 fotos e vídeos de Gisèle inconsciente sendo estuprada por outros homens. Os investigadores identificaram ao menos 92 estupros entre 2011 e 2020. A frequência dos abusos aumentou após a mudança do casal para Mazan, em 2013.

Sendo assim, Dominique Pelicot e outros 50 homens enfrentam julgamento em Avignon, no sul da França. Eles enfrentam acusações de participação nos estupros e podem receber penas de até 20 anos de prisão, caso se comprovem as acusações. O julgamento começou no dia 2 de setembro e deve se estender até dezembro. Pelicot, que teria dopado a esposa com um ansiolítico forte antes dos crimes, admitiu os abusos. Outros réus também confessaram culpa, enquanto alguns alegam que acreditavam que Gisèle consentia com os atos.

Enfim, Gisèle decidiu tornar o caso público para gerar uma mobilização. Seus advogados afirmaram que ela abriu mão do direito a um julgamento privado para conscientizar a sociedade sobre abusos sexuais e o uso de drogas que causam perda de memória em vítimas.

Crime bárbaro

Dominique Pelicot, acusado de planejar os crimes e organizar as sessões de abuso por meio de um site de relacionamentos, deveria depor nesta semana. Contudo, ele foi dispensado por problemas de saúde. A expectativa é que ele deponha na próxima segunda-feira (16), caso se recupere.

Por fim, entre os manifestantes, a presença de mulheres foi predominante. A mulher foi estrupada por mais de uma década. Em Marselha, Justine Imbert, de 34 anos, participou do protesto com sua filha e afirmou que “requer muita coragem da parte dela, mas era fundamental”. Em Clermont-Ferrand, na região central da França, Stéphane Boufferet, de 26 anos, disse em entrevista à AFP que sentiu “nojo de ser homem” ao conhecer a história. “Espero que haja uma verdadeira condenação, um verdadeiro exemplo”, concluiu.

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