Bloqueio atmosférico impede frente fria chegar em Goiás
A umidade relativa do ar, que já havia apresentado uma leve melhora, pode recuar para níveis abaixo de 10%, alerta o Cimehgo
Nos últimos dias, as expectativas sobre a possibilidade de chuvas em Goiás têm gerado preocupações e dúvidas entre os moradores. Esses desafios e as previsões atuais sobre o clima no estado foram esclarecidos por André Amorim, gerente do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo).
Atualmente, Goiás está sob a influência de uma massa de ar quente e seco que cobre uma vasta área do Brasil. Esta massa de ar quente, que se estende por estados como Tocantins, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, tem um impacto significativo no clima regional. Amorim explicou que essa massa de ar atua como um bloqueio atmosférico, impedindo a entrada e a efetiva atuação de frentes frias. Esse bloqueio causa uma série de efeitos climáticos adversos, entre eles a manutenção de altas temperaturas e baixos níveis de umidade.
A situação tem sido preocupante fazendo com que as temperaturas em Goiás tenham alcançado valores extremos, com registros de até 41 graus em cidades como São Miguel do Araguaia. O calor intenso é agravado pela baixa umidade relativa do ar, que tem atingido níveis críticos, colocando a região em estado de alerta. A umidade relativa do ar, que já havia apresentado uma leve melhora, está novamente em declínio, e pode recuar para níveis abaixo de 10%, o que é extremamente prejudicial para a saúde e o bem-estar da população, alerta André.
Amorim detalhou que, no último final de semana, uma frente fria tentou se aproximar de Goiás, mas foi neutralizada pelo bloqueio atmosférico criado pela massa de ar quente. Esta frente fria, que trouxe chuviscos para algumas cidades do Mato Grosso do Sul, não teve força suficiente para penetrar em Goiás, sendo forçada a se deslocar para o oceano. A falta de umidade e a persistência do calor intenso são reflexos diretos dessa situação meteorológica complexa.
As previsões para as próximas semanas indicam que uma mudança no cenário atual pode ocorrer apenas se uma frente fria de maior intensidade conseguir romper o bloqueio atmosférico. Amorim afirmou que há uma expectativa para a última semana de setembro, mas o sinal de força dessa frente fria ainda é considerado fraco. Sem uma mudança significativa, a possibilidade de chuvas em Goiás permanece incerta.
De acordo com o especialista, o cenário para outubro também é de vigilância contínua. “As frentes frias que se aproximam precisam ser monitoradas de perto, pois é somente com a perda de intensidade da massa de ar quente que se poderá prever a chegada de chuvas de forma mais concreta”, detalha. O quadro meteorológico é complexo e não favorece condições ideais para a precipitação de chuva neste momento.
Além do impacto direto nas condições climáticas, a persistência da massa de ar quente e seco tem implicações significativas para a vida cotidiana em Goiás. A baixa umidade do ar afeta a saúde respiratória, aumenta o risco de doenças relacionadas ao calor e compromete a qualidade de vida das pessoas. Por isso, André orienta que a população deve estar atenta às recomendações de saúde, como manter-se hidratada e evitar a exposição prolongada ao sol, especialmente durante os períodos de maior calor.