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quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
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ARMAS DE GEL

Jovens simulam confrontos com armas de gel nas ruas e preocupam autoridades de segurança

Inspiradas em jogos de videogame como Call of Duty e Fortnite, essas armas disparam projéteis de gel que, apesar de inofensivos à primeira vista, podem causar pequenos hematomas

Postado em 27 de setembro de 2024 por Thaynara Raquel
Armas de Gel Elétrica. Loja dentro do Mercadão de Madureira vendendo — Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
Armas de Gel Elétrica. Loja dentro do Mercadão de Madureira vendendo — Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo

A moda de jovens simulando confrontos com armas de gel, conhecidas como gel blasters, preocupa autoridades de segurança pública. Importadas da China, essas armas são vendidas entre R$ 290 e R$ 750 e estão rapidamente ganhando popularidade no Brasil, especialmente no Rio de Janeiro.

Popularidade das gel blasters e a influência dos videogames

Inspirada em jogos de videogame como Call of Duty e Fortnite, essa tendência começou a invadir as ruas. Vídeos circulando pela internet mostram jovens vestidos como soldados, em tons escuros, simulando batalhas em locais como o Complexo da Maré e Vila Kennedy. Além disso, muitos desses grupos se movem a pé ou de moto, atraindo a atenção de crianças.

CONFIRA O VÍDEO:

Riscos de confusão com armas reais

Embora as gel blasters disparem projéteis de gel inofensivos, a semelhança com armas reais tem gerado preocupações. O secretário de Segurança do Rio, Victor Santos, enfatiza que a polícia pode facilmente confundir essas réplicas com armas verdadeiras, colocando os jovens em risco.

“Policiais podem interpretar erroneamente essas brincadeiras, pensando que estão diante de criminosos, o que coloca essas pessoas em risco,” alerta Santos.

Necessidade urgente de fiscalização

A deputada estadual Martha Rocha, membro da Comissão de Segurança Pública, destaca a falta de fiscalização em torno das gel blasters. Segundo ela, sem o controle adequado, essas armas podem se tornar perigosas e até facilitar a entrada de produtos de contrabando.

“Além de causarem danos, esses brinquedos não regulamentados podem gerar abordagens policiais desnecessárias, assumindo que os jovens carregam armas reais,” afirma Rocha.

Explosão nas vendas e impacto no comércio

Enquanto as autoridades se preocupam, o comércio dessas armas de gel só cresce. Segundo dados da empresa Neotrust, as vendas de gel blasters aumentaram 2.145% em setembro de 2024, comparado à média mensal de janeiro a agosto. No Estado do Rio, o crescimento foi ainda mais impressionante: 13,8 vezes.

Especialistas pedem cuidado na criminalização dos jovens

André Rodrigues, cientista político e coordenador do Laboratório de Estudos sobre Política e Violência da UFF, alerta sobre os riscos de estigmatizar os jovens adeptos dessa nova moda. Entretanto, ele defende que o foco da discussão deve estar na regulamentação e no controle do comércio de réplicas de armas e brinquedos que imitam armas de fogo.

“O caminho não é criminalizar os jovens, mas sim garantir que a venda dessas réplicas seja fiscalizada corretamente,” argumenta Rodrigues.

Expectativa por regulamentação

A Polícia Civil do Rio de Janeiro, em colaboração com o Exército, aguarda a publicação de uma normativa que estabelecerá regras mais claras sobre a importação e o uso de gel blasters. As réplicas sem a ponta laranja ou vermelha, que as diferenciaria de armas reais, poderão ser apreendidas como simulacros.

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