Comércio enfrenta dificuldade para preencher vagas de empregos
Com a chegada do fim de ano, mais de 110 mil vagas temporárias no comércio, indústria e serviços serão ofertadas, 5 mil delas no setor varejista
A dificuldade para preencher vagas tem se tornado uma preocupação crescente para muitas empresas, o que reflete um cenário de escassez de talentos qualificados em diversas áreas. Com o avanço da tecnologia e a constante evolução das demandas do mercado, as organizações enfrentam desafios para encontrar profissionais que atendam às demandas procuradas pelas empresas.
Essa situação não apenas impacta a produtividade, mas também pode comprometer a inovação e a competitividade das empresas, levando-as a repensar suas estratégias de recrutamento e a investir mais em formação e capacitação de seus colaboradores.
Anderson Lima, gerente de negócios e relacionamento da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL Goiânia), explicou que as principais dificuldades para o preenchimento dessas vagas é a falta de qualificação profissional. Segundo o representante da entidade, as empresas já não buscam mais apenas habilidades técnicas, mas também competências pessoais específicas.
“Além disso, temos também a questão dos salários. A expectativa entre os candidatos e o salário oferecido pela empresa dificulta a atração de talentos e a retenção desses talentos na empresa”, detalhou Lima.
Caged e novas vagas
Segundo os números referentes a agosto de 2024 do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o comércio em Goiás tem 347.461 vagas ocupadas. Isso representa cerca de 22% de todos os empregos formais ativos no Estado.
Cristiano Caixeta, presidente do Sindicato do Comércio Varejista do Estado de Goiás (SindiLojas), explicou que o comércio e o setor produtivo enfrentam certas dificuldades para contratação desde 2021, tanto em vagas efetivas quanto nas temporárias.
“O que se percebe é que a pandemia provocou um redesenho no mercado de trabalho brasileiro, e não foi diferente em Goiás. Na época, muitos profissionais, por conta das restrições impostas, resolveram abrir o próprio negócio, e parte significativa desse contingente não voltou mais para o vínculo celetista”, ressaltou Cristiano.
Para Anderson Lima, a transformação digital também influencia nesse fator. “A pandemia evoluiu muito a questão digital e tem mudado bastante os perfis dos candidatos, as prioridades profissionais, exigindo que as empresas venham se adaptando a essa nova realidade”, pontuou.
Combinação de fatores para vagas sem ocupação
Atualmente, o mercado de trabalho tem buscado uma combinação entre habilidades técnicas, soft skills e habilidades sociais. Entre as mais requisitadas estão, às vezes, domínios de ferramentas digitais, como o pacote office, a parte da comunicação, o trabalho de equipe, criatividade, inovação, adaptabilidade, a resiliência, a inteligência emocional, a capacidade de lidar com pessoas e a parte de atendimento também.
O especialista destaca ainda que “lidar com o cliente, lidar com seus pares durante a empresa, tudo isso é muito requisitado hoje em dia, e a parte técnica vai aprendendo no decorrer do seu dia a dia dentro da empresa e com formações curriculares aos poucos elas vão saber quando”, informou Lima.
Lima também explicou que mais de 110 mil vagas estarão disponíveis no mercado (comércio, indústria e serviços) para contratações temporárias em decorrência das datas de fim de ano. Para o gerente da CDL Goiânia, esse é um número bastante expressivo comparado a anos anteriores.
Contratações em vagas temporárias
Em relação ao comércio varejista, o SindiLojas mostrou que, para este final de ano, estão previstas 5 mil vagas temporárias no comércio em Goiás. A maioria dessas vagas é para cargos como vendedor, balconista, atendente, estoquista, empacotador e operador de caixa.
“As contratações no final de ano com certeza vão auxiliar bastante. São uma excelente alternativa para preenchimento de vagas ociosas. Muitas dessas vagas serão efetivadas, muitos desses profissionais que se destacam durante o emprego temporário são efetivados e permitem que o comércio preencha essas vagas com talentos que demonstram competências desejáveis. Isso representa uma grande oportunidade, tanto para o empresário quanto para o candidato que está procurando um emprego”, observou Lima.
O executivo Rafael Gonçalves está há três meses com sete vagas abertas para contratação direta na empresa que gerencia em Goiânia. São oportunidades para motorista, assistente de recursos humanos, auxiliar de almoxarifado, operador logístico e analista de departamento fiscal.
As contratações têm esbarrado na falta de qualificação e na inexperiência dos candidatos. “Em nove anos de existência da empresa, nunca enfrentamos tanta dificuldade assim para preencher as vagas que, inclusive, são para contratação efetiva”, pontuou Rafael, CEO da Aqualis Soluções, do ramo de higiene e limpeza.