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quinta-feira, 21 de novembro de 2024
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Farmacêuticas

Hypera rejeita fusão bilionária e desafia EMS

Ações da Hypera oscilam após anúncio, enquanto o mercado aguarda nova investida da SEM

Postado em 25 de outubro de 2024 por Herbert Alencar
Foto Reprodução | CANVA

A Hypera Pharma, uma das maiores empresas farmacêuticas do Brasil, anunciou nesta quinta-feira (23) a rejeição da proposta de fusão feita pela EMS, gigante do setor de medicamentos genéricos. Em um comunicado ao mercado, a Hypera esclareceu que a decisão foi tomada por unanimidade pelo seu Conselho de Administração, que apontou divergências significativas entre as duas empresas, tanto no portfólio de produtos quanto na cultura organizacional.

Diferenças estratégicas e culturais

A proposta da EMS envolvia a aquisição de até 20% das ações da Hypera, com pagamento em dinheiro e uma subsequente troca de ações que daria controle majoritário à EMS. No entanto, o Conselho da Hypera destacou que o foco substancial da EMS em medicamentos genéricos não está alinhado com a estratégia de longo prazo da Hypera, que prioriza produtos de maior valor agregado, como medicamentos de marca e itens voltados para a saúde e bem-estar.

Outro ponto determinante para a rejeição da proposta foi a diferença nos modelos de governança corporativa. Enquanto a Hypera é uma companhia de capital aberto, com uma estrutura acionária amplamente dispersa desde sua estreia na Bolsa de Valores em 2008, a EMS permanece uma empresa familiar e de capital fechado, o que implica em culturas organizacionais muito distintas. A Hypera acredita que essas divergências impediriam a criação de uma sinergia eficaz no caso de uma fusão.

Movimentação no mercado e reação das ações

Após o anúncio da recusa, as ações da Hypera na B3 sofreram uma queda significativa, chegando a perder 7% do valor durante o pregão da manhã. No entanto, os papéis apresentaram recuperação ao longo do dia, fechando com uma valorização de 1,21%, sendo negociados a R$ 27,64.

A proposta da EMS previa um pagamento de R$ 30 por ação, o que representava um prêmio de 39% sobre o valor negociado, mas que ainda foi considerado insuficiente pela Hypera, visto que a empresa avalia seu valor no mercado como substancialmente superior. De acordo com fontes internas, a Hypera entende que o valor ofertado não refletia o verdadeiro potencial da empresa, tanto em termos de crescimento futuro quanto de valor de marca.

Desdobramentos do setor farmacêutico

A fusão, caso fosse concretizada, criaria uma das maiores empresas farmacêuticas da América Latina, com uma receita combinada estimada em R$ 15,85 bilhões e um EBTIDA de cerca de R$ 5 bilhões. Essa união também colocaria a nova companhia em uma posição de liderança no setor de genéricos, com uma participação de mercado de 33%, segundo analistas do setor.

Nos bastidores, no entanto, a possibilidade de fusão entre as duas empresas era vista com ceticismo por parte de muitos analistas de mercado. Carlos Sánchez, fundador da EMS, havia demonstrado grande entusiasmo pela potencial aquisição, já tendo inclusive comprado ações da Hypera nas últimas semanas. No entanto, João Alves de Queiroz Filho, fundador e principal acionista da Hypera, não estava disposto a abrir mão do controle da empresa, o que já indicava a baixa probabilidade de sucesso do negócio.

Expectativas futuras

Embora a proposta tenha sido rejeitada, o mercado segue atento às movimentações de Carlos Sánchez, que pode tentar uma nova investida para adquirir uma parcela maior da Hypera. Nos últimos meses, o empresário aumentou gradualmente sua participação na concorrente, e fontes ligadas ao setor não descartam a possibilidade de uma nova oferta no futuro, talvez com ajustes nas condições e valores propostos.

O setor farmacêutico brasileiro continua a atrair grande interesse de investidores, tanto pelo tamanho de mercado quanto pela sua resiliência em momentos de instabilidade econômica. Fusões e aquisições têm sido vistas como uma maneira eficiente de consolidar posições e expandir portfólios, especialmente em um cenário de crescente demanda por medicamentos e produtos de saúde.

Desafios e oportunidades para a Hypera

Para a Hypera, o desafio imediato é continuar sua trajetória de crescimento de forma independente, mantendo o foco em sua estratégia de diversificação de portfólio e expansão internacional. A empresa possui marcas fortes e consolidadas, como Benegrip, Buscopan e Epocler, que garantem uma posição de destaque no mercado de medicamentos de venda livre. No entanto, a pressão por parte de grandes players como a EMS pode forçar a Hypera a buscar novas parcerias ou aquisições para continuar competitiva em um setor tão dinâmico.

O mercado seguirá de olho nas próximas movimentações da Hypera e da EMS, com expectativa de que novos capítulos se desenrolem nas negociações entre as duas gigantes. Seja através de outra tentativa de fusão ou de estratégias isoladas, ambas as empresas estão bem posicionadas para aproveitar as oportunidades de crescimento no setor farmacêutico latino-americano, que continua a apresentar expansão, especialmente no segmento de genéricos e medicamentos de marca.

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