Derrota de Boulos em São Paulo expõe crise no PT e falta de lideranças para 2026
Esquerda precisa correr para renovar suas lideranças e apresentar novos rostos que cativem os brasileiros ou vai acumular cada vez mais derrotas
A derrota de Guilherme Boulos (PSOL), neste domingo (27/10), na disputa pela prefeitura de São Paulo marca um revés significativo para o Partido dos Trabalhadores (PT) e pode redefinir o cenário político nacional.
O PT, que investiu pesado na candidatura do psolista, teve de enfrentar o anti-petismo paulistano e viu, mais uma vez, uma tentativa frustrada de recuperar influência na maior capital do país, considerada berço histórico do partido. Desde a vitória de Fernando Haddad em 2012, o partido não consegue se firmar na cidade, e a derrota de Boulos expõe desafios futuros, uma vez que a esquerda já se vê sem uma liderança política forte a longo prazo.
Apostando em Boulos como um possível “herdeiro político”, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi quem articulou essa aliança com o PSOL, acreditando no carisma do psolista para enfrentar a resistência à esquerda, em São Paulo.
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Com a ex-prefeita Marta Suplicy (PT) como vice e mais de R$ 44 milhões direcionados, pelo PT, à campanha, o resultado deve ter desagradado Lula: Boulos obteve apenas 40,65% dos votos válidos contra 59,35% do prefeito reeleito Ricardo Nunes (MDB), apoiado pelo governador de direita, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que sai fortalecido como aspirante à presidência da república do Brasil, em 2026.
A escolha de Lula em apoiar um nome de fora do PT — uma decisão incomum para a sigla, que sempre defendeu candidatura própria — foi um movimento arriscado e que trouxe dúvidas quanto ao próprio futuro do partido. Boulos é tido como um possível sucessor de Lula.
No entanto, a derrota agora expõe a ausência de figuras carismáticas fortes dentro do partido ou mesmo em outras legendas de esquerda. Assim, nos questionamos sobre como será o futuro PT, sem a icônica figura de Lula. Mas podemos adiantar – a esquerda precisa correr para renovar suas lideranças e apresentar novos rostos que cativem os brasileiros ou vai acumular cada vez mais derrotas.
A título de curiosidade, o PT venceu apenas três eleições na história da política paulistana – com Luíza Erundina (1989 a 1983), Marta Suplicy (2001 a 2005) e Fernando Haddad (2013 a 2017). Desde então, nunca mais conseguiu eleger prefeito para a maior cidade do país. Embora Lula tenha vencido o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na eleição presidencial de 2022, na capital, por 47,5% dos votos contra 38%, os paulistanos optaram por não repetir o voto na esquerda, neste ano.
Nos próximos dois anos, o PT terá que responder a esses desafios em um contexto de crescente polarização e ascensão da direita. São Paulo, com seu papel central no cenário político nacional, continuará sendo um campo decisivo para qualquer projeto presidencial.
Para Lula e o PT, a derrota representa a necessidade urgente de repensar suas alianças e de identificar novos caminhos para se reconectar com o eleitorado, sobretudo, em regiões mais conservadoras. Caso contrário, essa derrota histórica poderá ecoar nas eleições de 2026, com impacto direto na disputa pela liderança política nacional.