Eleição de Mabel facilita recondução de Policarpo ao comando da Câmara
Há quem arrisque, inclusive, que já foi batido o martelo acerca do nome do atual presidente
Nome do governador Ronaldo Caiado (UB) na briga por Goiânia, o empresário Sandro Mabel (UB) terminou eleito prefeito da capital no último domingo, 27. Ele tem agora a missão de atender aos diferentes anseios dos goianienses pelos próximos quatro anos. No entanto, nenhum gestor governa sozinho. E Mabel sabe disso.
O prefeito eleito já foi legislador. Mabel iniciou sua carreira política em 1990, quando foi eleito deputado estadual pelo então PMDB. Ele cumpriu quatro mandatos como deputado federal: de 1995 a 1999, pelo PMDB; de 2003 a 2007, pelo PFL; de 2007 a 2011, pelo PL; e de 2011 a 2015, pelo PR. Em outras palavras, conhece bem o jogo e, sobretudo, a importância de se manter alinhado aos interesses do Poder-irmão.
Para garantir uma governabilidade tranquila, Mabel tende a trabalhar incansavelmente por um estreitamento dos laços com o Legislativo. A falta de uma parceria sólida é apontada, inclusive, como uma das principais falhas cometidas pela gestão do prefeito Rogério Cruz (Solidariedade), que protagonizou incontáveis quedas de braço com a Câmara Municipal ao longo de seus quatro anos de gestão.
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O resultado disso veio na campanha de 2024, onde o gestor buscou a reeleição sem o apoio do Parlamento. A ausência dos vereadores enquanto cabos eleitorais pelas ruas da cidade foi refletida no resultado das urnas em que Rogério, apesar de ter a máquina nas mãos, terminou a disputa em sexto lugar.
De volta a Mabel, na intenção de garantir sua governabilidade, o empresário pretende se reunir com os parlamentares com frequência. A ideia, conforme apurado pela reportagem, é conversar sobre as principais metas que pretende alcançar à frente da administração já nas próximas semanas.
Fator presidência
Um outro detalhe que permeia a eleição de Mabel no último domingo passa pela futura presidência da Câmara Municipal. A conversa, nos bastidores, é que o resultado das urnas favorece uma possível recondução do atual presidente, Romário Policarpo (PRD). Alinhado às pautas governistas e sobretudo às lideranças que circundam o governador Ronaldo Caiado, Romário, que já conta com uma base sólida de apoio, deve conseguir viabilizar seu nome sem dificuldades.
As movimentações pela presidência da Câmara começaram antes mesmo do resultado final das eleições. Até então, o que se viu foram reuniões discretas, conversas de corredores e movimentações partidárias que marcaram os primeiros ensaios de um cenário que vai se desenhar com mais afinco no decorrer dos próximos dois meses.
Conforme mostrado pela reportagem do O HOJE, o resultado da queda de braço entre Sandro Mabel e Fred Rodrigues (PL) poderia influenciar e muito na disputa pela cadeira mais cobiçada da Câmara. Com a derrota de Fred, uma das hipóteses, que consistia na tentativa de construir o nome de Major Vitor Hugo (PL) à presidência, praticamente caiu por terra.
Apesar de Vitor Hugo ter sido o vereador mais bem votado por Goiânia, isso por si só tende a não ser suficiente, diferentemente do que se presumia em um cenário em que Fred terminasse eleito.
Com a vitória da base governista, o entendimento é de que o núcleo duro do Governo tende a entrar em ação para garantir uma “governabilidade tranquila” ao novo prefeito. Isso passa, claro, pela eleição de um nome minimamente alinhado com os governistas.
Um ponto de consenso é que já há um grupo ‘favorito’, visto como ‘dominante’, e esse coletivo é encabeçado justamente pelo atual presidente da Casa. Policarpo tem direito à reeleição e vai trabalhar para se manter no posto. Há quem arrisque, inclusive, que já foi batido o martelo acerca de seu nome para o próximo biênio. (Especial para O Hoje)