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sábado, 21 de dezembro de 2024
Justiça

Depoimento emocionante da viúva de Anderson, durante julgamento dos acusados de matar Marielle e o motorista

Agatha Arnaus relata a dor de criar o filho sem o pai.

Postado em 30 de outubro de 2024 por Renata Ferraz
Anderson
Foto: Reprodução/PJERJ

O julgamento dos assassinos confessos de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes ganhou novos contornos nesta quarta-feira, (30).  Agatha Arnaus, viúva de Anderson, emocionou a todos ao relatar a difícil jornada de criar seu filho, Arthur, autista, sem a presença do pai. Seu depoimento foi um testemunho de dor e resiliência.

Agatha começou sua fala descrevendo um momento angustiante. “No mesmo ano em que o Anderson morreu, eu tive de levar o Arthur sozinha para operar uma obstrução intestinal. Os médicos chegaram a falar que ele não aguentaria”, contou. O desespero e a solidão naquele dia foram profundos. Ela expressou como a perda do marido parecia significar o fim de sua família. “Achei que ia enlouquecer naquele dia. O Arthur era a última coisa que tinha me restado do Anderson”, desabafou.

A viúva destacou a importância do pai na vida de Arthur. “Quando o Anderson faleceu, a gente sabia que ele tinha autismo, mas as demais alterações não puderam ser averiguadas corretamente”, explicou. A falta de material genético do pai complicou o diagnóstico. Agatha acredita que a ausência de Anderson impactou diretamente o desenvolvimento do filho.

“Eu tenho certeza de que a ausência do Anderson afetou o desenvolvimento do Arthur. A primeira palavra que ele falou foi ‘papai’”, relembrou. A dor de não ter o pai presente se intensificou com o tempo. Agatha explicou que a rotina de trabalho e os desafios de ser mãe solo deixaram-na cansada e sem paciência. “Não tinha mais com quem dividir a vida e a criação do Arthur”, desabafou.

Durante o julgamento, o Ministério Público apresentou um vídeo emocionante. Nele, Anderson aparece lendo uma carta da viúva, revelando a gravidez do casal. “Eu não lembro de ter visto o Anderson tão feliz”, disse Agatha, recordando a alegria dele ao saber que seriam pais. No entanto, a gravidez não foi fácil. “Foi uma luta. Ele falava que parecia um inferno”, relembrou, mas sempre mantiveram a esperança.

A ausência do pai é uma falta que nunca será preenchida, segundo Agatha. “O assassinato do Anderson criou um vazio que não vai passar nunca”, disse, emocionada. O impacto na vida de Arthur é evidente. “Ele nunca vai ter um pai tão bom como o Anderson poderia ser”, concluiu, com lágrimas nos olhos.

Leia mais: Julgamento de Ronnie Lessa e Élcio Queiroz no caso Marielle Franco

O depoimento de Agatha ocorreu em meio a um contexto mais amplo. Em maio, a Procuradoria-Geral da República concluiu que os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão foram os mandantes do assassinato de Marielle Franco. As motivações para o crime estão ligadas a interesses políticos e econômicos. Domingos, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, e Chiquinho, deputado federal, são acusados de querer silenciar a vereadora.

Agatha expressou seu desejo de justiça. “Eu espero ver as pessoas que me tiraram o Anderson, pagando pelo que elas fizeram”, afirmou. Sua luta por justiça é também uma busca por dignidade para Arthur. O impacto da violência em sua vida é um lembrete constante de que a sociedade deve lutar contra a impunidade.

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