Embora o câncer de mama seja frequentemente associado às mulheres, é um engano pensar que os homens estão isentos dessa doença. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), aproximadamente 1% dos casos de câncer de mama ocorrem em homens. Embora a incidência seja baixa, a gravidade e o impacto do diagnóstico tardio tornam este tema de extrema importância, é o que afirma Priscila Watanabe, especialista em oncologia e saúde masculina.

Os principais fatores de risco para o câncer de mama masculino incluem exposição à radiação, níveis elevados de estrogênio e histórico familiar de câncer de mama. Watanabe destaca que a exposição à radiação é uma preocupação significativa, especialmente para homens que se submeteram a tratamentos que envolvem radiação na região torácica.

Além disso, o aumento dos níveis de estrogênio pode ocorrer em casos de obesidade, doenças hepáticas ou uso de substâncias que influenciam os hormônios. “Os homens com obesidade, por exemplo, podem ter uma conversão maior de testosterona em estrogênio, elevando o risco de desenvolver câncer de mama”, explica a especialista.

O histórico familiar é um dos fatores mais relevantes. “Se um homem tem parentes próximos que tiveram câncer de mama, especialmente mulheres, ele pode estar em maior risco”, complementa. Diante de uma família com múltiplos casos, é essencial procurar avaliação especializada e considerar testes genéticos para identificar mutações nos genes BRCA1 e BRCA2, que estão associados ao câncer de mama e outros tipos de câncer, segundo a oncologista.

Os sintomas do câncer de mama em homens são, em sua maioria, semelhantes aos observados em mulheres. O mais comum é o aparecimento de um nódulo endurecido sob o mamilo ou aréola, mas outros sinais podem incluir alterações na pele, secreção pelo mamilo ou dor. A especialista enfatiza a importância de estar atento a essas mudanças: “Os homens devem ficar vigilantes e consultar um médico ao notar qualquer alteração”.

Devido à raridade do câncer de mama masculino, muitos homens não estão cientes da necessidade de realizar autoexames. “Homens têm menos tecido mamário, o que torna mais fácil sentir um nódulo, mas isso não significa que estejam imunes. A conscientização é fundamental”, afirma a médica.

O diagnóstico é feito por meio dos mesmos exames utilizados para mulheres, como mamografia e ecografia das mamas e axilas. Caso haja suspeita de câncer, uma biópsia é necessária para confirmação histológica. “A realização de testes genéticos, embora não seja rotina para todos, é recomendada para aqueles com histórico familiar relevante.”

Tratamento e prognóstico

As opções de tratamento para homens diagnosticados com câncer de mama também são as mesmas disponíveis para mulheres: cirurgia, radioterapia, quimioterapia e terapias hormonais. Watanabe destaca que, nos casos de câncer de mama masculino, a terapia hormonal é uma opção viável, assim como ocorre com as mulheres. O tratamento, por sua vez, depende do estágio da doença e das características específicas do tumor.

A preocupação dos especialistas é pelo fato de que o câncer de mama masculino costuma ser diagnosticado em estágios mais avançados, o que impacta negativamente o prognóstico. “Muitos homens são diagnosticados tardiamente, em média aos 60 anos, o que compromete as chances de cura”, alerta a médica oncologista. A média de sobrevida é menor em comparação com os casos femininos, principalmente devido à falta de rastreamento e conscientização.

A especialista em saúde masculina enfatiza que a detecção precoce do câncer de mama é vital. “Quanto mais cedo a doença for identificada, maiores serão as chances de sucesso no tratamento. A conscientização sobre a condição é essencial para mudar essa realidade”, diz. 

Atualmente, não existem recomendações específicas para rastreamento de câncer de mama em homens, como as mamografias regulares para mulheres. Isso destaca ainda mais a importância de campanhas educativas e de conscientização sobre o câncer de mama masculino segundo a médica. “Homens e seus familiares devem ser encorajados a conhecer os sinais e sintomas da doença e a buscar atendimento médico sempre que necessário”, afirma a especialista.

O câncer de mama em homens é uma condição que, apesar de rara, merece atenção e conhecimento. Compreender os fatores de risco, sintomas e opções de tratamento é fundamental para melhorar os índices de diagnóstico precoce e, consequentemente, as taxas de cura, alerta a especialista. 

Priscila Watanabe destaca que a informação e a educação em saúde são essenciais para que homens e suas famílias possam reconhecer e agir diante dos sinais da doença. “A falta de informação pode levar a diagnósticos tardios, comprometendo o prognóstico e aumentando a mortalidade”, reitera.