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domingo, 22 de dezembro de 2024
Vacinação

Goiânia começa aplicação de vacina contra vírus sincicial respiratório

O imunizante ainda não está disponível no Sistema Único de Saúde, apenas na rede particular, em um hospital da Capital

Postado em 6 de novembro de 2024 por Micael Silva
Goiânia começa aplicação de vacina contra vírus sincicial respiratório Foto: Divulgação
Goiânia começa aplicação de vacina contra vírus sincicial respiratório Foto: Divulgação

O vírus sincicial respiratório (VSR) é uma das principais causas de infecções respiratórias em recém-nascidos e crianças pequenas, especialmente em bebês. Ele é responsável por quadros de bronquiolite, que envolve a inflamação dos bronquíolos. Além do VSR, outros vírus, como influenza, parainfluenza e adenovírus, também podem causar bronquiolite. A infecção por VSR pode ser grave em adultos mais velhos e agravar condições de saúde preexistentes, como doenças cardíacas, pulmonares, diabetes, hepáticas e renais.

O vírus sincicial respiratório (VSR) representa mais de 44% das infecções respiratórias no Brasil neste ano, segundo o último boletim Infogripe da Fiocruz. Ele é a principal causa de internações e óbitos entre crianças pequenas, com mais de 22 mil casos registrados em crianças de até dois anos e cerca de 200 mortes. O VSR também impacta significativamente os idosos, com 800 diagnósticos e 202 mortes.

Atualmente, a vacina contra o vírus sincicial (VSR) ainda não está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto, a Pfizer solicita a inclusão do imunizante no Programa Nacional de Imunizações (PNI) em julho de 2024. O Ministério da Saúde está avaliando esse pedido por meio da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec).

O Hospital Israelita Albert Einstein em Goiânia agora oferece o primeiro imunizante aprovado no Brasil contra o vírus sincicial respiratório (VSR), responsável por doenças como a bronquiolite, que tem gerado preocupação entre muitas famílias em Goiás. De acordo com dados do Painel de Notificações da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), até 17 de outubro, foram registradas 6.044 internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), com mais de 2 mil casos ocorrendo em crianças de até 2 anos.

Marcelo Daher, médico infectologista,  comenta que o vírus sincicial causa doenças respiratórias bem conhecidas da comunidade científica, e que é uma preocupação de muito tempo. “É uma doença que causa muita internação hospitalar em crianças e também em adultos. Não é um problema só de criança; a média de internação em adultos, principalmente acima de 65 anos, é alta.”

Nos Estados Unidos, o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) é responsável por mais de 50 mil hospitalizações entre crianças com menos de 5 anos. No Brasil, entre 2020 e 2022, dados do SIVEP-Gripe indicam que mais de 30 mil casos de doença grave causados ​​pelo VSR foram registrados. Em 2022, a taxa de letalidade por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) relacionada ao VSR em pessoas com 60 anos ou mais alcançou 21%.

Graças aos diagnósticos mais simples, o especialista destaca que temos uma epidemiologia que nos permite entender como o VRS se comporta e circula. “Sabemos que ele circula em determinadas épocas do ano, normalmente de maio a setembro e outubro, coincidente com o aumento de casos de gripe,no hemisfério norte, uma epidemia de VRS ocorre entre outubro e março”, destaca.

Sintomas gripais podem levar ao diagnóstico do VSR

A maioria das crianças infectadas pelo Vírus Sincicial Respiratório (VSR) apresentam apenas sintomas leves, semelhantes aos de um resfriado comum. No entanto, em crianças menores de 2 anos, a infecção pode evoluir para sintomas mais graves, como bronquiolite.

Os primeiros sintomas incluem coriza, tosse leve e, em alguns casos, febre. Após um dia, o lance pode se intensificar, causando dificuldades respiratórias, aumento da frequência respiratória, chiado a cada expiração e dificuldades para mamar e engolir. Em casos de oxigenação reduzida, pode ocorrer cianose, manifestada pelo azulamento dos dedos e lábios.

Em adultos, a infecção pelo VSR geralmente resulta em sintomas leves do trato respiratório superior, que duram apenas alguns dias. No entanto, alguns indivíduos, especialmente aqueles com 60 anos ou mais, podem desenvolver complicações graves, como pneumonia. Além disso, a infecção pode agravar doenças crônicas já existentes, resultando em taxas mais elevadas de internação e comprometendo a saúde geral. Isso pode levar à perda de independência, declínio cognitivo e prejuízos na funcionalidade e qualidade de vida após a recuperação.

Atualmente, a vacina está disponível apenas em clínicas particulares e é indicada para gestantes entre a 24ª e a 36ª semana de gestação. A médica intensivista pediátrica Quíssila Batista Neiva, coordenadora da pediatria do Hospital Israelita Albert Einstein em Goiânia, explica que, ao se imunizar, os anticorpos gerados pela mãe têm a capacidade de atravessar a placenta e oferecer proteção ao bebê durante os primeiros meses de vida.

“A transferência transplacentária de anticorpos neutralizantes está bem documentada. Estudos demonstram que níveis elevados de anticorpos maternos podem reduzir significativamente o risco de infecção por VRS nos primeiros meses de vida do recém-nascido”, afirma Quíssila.

A vacina contra o vírus sincicial (VSR) chegará à América Latina por meio de uma parceria entre a Pfizer, fabricante do imunizante, e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Esse vírus é estimado como responsável por 84% das hospitalizações devido a uma infecção do trato respiratório inferior em crianças menores de 12 meses, sendo também a principal causa de bronquiolite em bebês.

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