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terça-feira, 12 de novembro de 2024
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Resenha crítica

Este suspense pode confrontar os seus julgamentos e desafiar as suas certezas

O longa venceu o Oscar 2024 na categoria Melhor Roteiro Original

Postado em 8 de novembro de 2024 por Eduarda Leão
Filme de suspense
| Foto: divulgação

Anatomia de uma Queda é um filme de suspense francês lançado em 2023 que foi reconhecido pelo Festival de Cannes, no qual recebeu a Palma de Ouro. A obra dirigida por Justine Triet, é capaz de surpreender até mesmo quem não costuma se envolver em dramas judiciais. Uma vez que trás uma reflexão profunda e multifacetada sobre as camadas da verdade, as dinâmicas do julgamento humano e as complexidades das relações pessoais. 

O filme conta a história de Sandra (Sandra Hüller), uma escritora acusada de assassinar o marido. A narrativa habilmente costura questões morais, emocionais e legais, desafiando o público a decifrar uma trama tão enigmática quanto a psique dos próprios personagens.

Triet construiu um ambiente opressivo e intimista para ser o cenário onde se passa a história, sendo a casa isolada da família, cercada por neve. Esse isolamento não é apenas geográfico, mas também emocional. A força do filme reside na sua capacidade de explorar as nuances de um relacionamento desgastado, onde o amor e o ressentimento coexistem em uma tensão insuportável. Cada diálogo e flashback são cuidadosamente orquestrados para deixar dúvidas sobre a culpabilidade de Sandra, mantendo o público em um estado de constante inquietação.

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A atuação de Sandra Hüller é um dos maiores destaques de Anatomia de uma Queda . A atriz entrega uma performance que evita simplificações, optando por interpretar uma personagem complexa, que pode ser ao mesmo tempo vulnerável e calculista, apaixonada e distante. Essa ambiguidade é central para o impacto do filme de suspense, pois obriga o espectador a confrontar seus próprios julgamentos e a consideração de quanto nossas percepções podem ser influenciadas por aspectos subjetivos. O roteiro, inteligente e provocativo, recusa-se a oferecer respostas simples, explorando como a verdade pode ser maleável e como o processo judicial é tanto sobre narrativa quanto sobre justiça.

A utilização da câmera também se torna um dos pontos altos do longa, uma vez que estimula a claustrofobia emocional dos personagens. Planos fechados capturam olhares e gestos que dizem tanto quanto as palavras, enquanto o design de som insere o espectador na intimidade desconfortável da trama. Além disso, a trilha sonora, pontuada por momentos de silêncio inquietante, intensifica a tensão em cenas-chave, lembrando-nos de que, em casos de conflitos humanos tão profundos, as respostas nem sempre são claras ou conclusivas.

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Anatomia de uma Queda é um suspense que permanece com o espectador muito além dos créditos finais. Ele desafia nossas certezas, explora as fragilidades humanas e nos lembra que, na vida real, a verdade raramente é absoluta. Triet não entrega apenas uma obra cinematográfica; ela nos apresenta um espelho inquietante de nossa própria humanidade, com suas falhas, julgamentos e busca incessante por significado. Uma obra imperdível para quem valoriza o cinema que provoca e instiga.

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