Lula propõe aceleração das metas climáticas e combate à desinformação no G20
Presidente brasileiro desafia países ricos a anteciparem suas metas climáticas e lança ação global contra fake news
Nesta terça-feira (19), no segundo dia da Cúpula de Líderes do G20, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um apelo firme para acelerar as ações contra a crise climática. Em seu discurso, Lula pediu que os países desenvolvidos antecipem suas metas de neutralidade climática de 2050 para 2040.
A proposta visa aumentar a urgência nas ações globais para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e combater o aquecimento global. O presidente brasileiro também destacou a importância da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de Belém, prevista para 2025, e sugeriu que a COP30 seja chamada de “COP da virada”.
Lula afirmou que não há mais tempo para esperar e criticou a falta de progressos desde o Acordo de Paris. “Na luta pela sobrevivência, não há espaço para o negacionismo e a desinformação”, ressaltou, destacando a necessidade de combater a propagação de fake news relacionadas às mudanças climáticas.
Iniciativa contra as fake news
Lula anunciou, em parceria com a ONU e a UNESCO, o lançamento da Iniciativa Global pela Integridade das Informações sobre Mudanças Climáticas. A iniciativa tem como objetivo fortalecer a pesquisa e a disseminação de informações científicas precisas sobre as mudanças climáticas, combatendo a desinformação que atrasa as políticas públicas e a conscientização global sobre o problema.
Audrey Azoulay, diretora-geral da UNESCO, destacou o papel essencial dos jornalistas no fornecimento de informações confiáveis para o público. “O papel da mídia é fundamental para que as pessoas compreendam as questões científicas complexas relacionadas às mudanças climáticas”, afirmou.
O embaixador Laudemar Gonçalves de Aguiar Neto, do Brasil, também enfatizou a importância de guiar as políticas climáticas com base na ciência, em vez de opiniões ou teorias infundadas. Durante a cúpula, o presidente aproveitou para fazer um chamado ao G20, bloco responsável por 80% das emissões globais de gases de efeito estufa.
Ele propôs que os países desenvolvidos adotem metas absolutas de redução de emissões e antecipem suas metas climáticas. Lula também destacou que, sem que as nações mais ricas cumpram suas responsabilidades históricas, não será possível exigir mais dos países em desenvolvimento.
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Mobilização global
Lula enfatizou que o G20 desempenha um papel crucial na resolução da crise climática, considerando que o bloco é responsável por grande parte das emissões globais. Ele convocou os líderes do G20 a se comprometerem com a Força-Tarefa Global contra a Mudança Climática, que visa unir os esforços de ministros de Finanças, Meio Ambiente e presidentes de Bancos Centrais.
O Brasil tem liderado iniciativas importantes dentro do G20, como a criação do Fundo Florestas Tropicais para Sempre, que visa remunerar países em desenvolvimento que preservam suas florestas.
No entanto, o presidente também criticou o descumprimento das promessas feitas pelos países desenvolvidos sobre o financiamento climático. Ele lembrou que, durante a COP15, em Copenhague, o mundo prometeu bilhões de dólares, mas os compromissos não foram cumpridos. “Os trilhões existem, mas estão sendo desperdiçados em armamentos enquanto o planeta agoniza”, disse.
Encontro entre Lula e Biden
No almoço de encerramento da cúpula, Lula se encontrou com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Os dois líderes discutiram estratégias para fortalecer a colaboração bilateral no combate às mudanças climáticas, com foco no financiamento da transição energética e no cumprimento das metas do Acordo de Paris.
Lula e Biden concordaram que é essencial que os países desenvolvidos aumentem o financiamento para a adaptação climática nos países em desenvolvimento, um ponto central na agenda de Lula. Eles também discutiram a importância de criar mecanismos que garantam a transparência e a eficácia das ações climáticas em todo o mundo.