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sábado, 23 de novembro de 2024
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Intolerância Religiosa

Terreiro religioso é invadido e vandalizado em São João da Barra, no RJ

O caso foi reportado à polícia, que abriu um inquérito para investigar

Postado em 23 de novembro de 2024 por Micael Silva
Terreiro religioso é invadido e vandalizado Foto: Divulgação
Terreiro religioso é invadido e vandalizado Foto: Divulgação

O terreiro de Candomblé e Umbanda, ‘Tenda Mata Verde João da Mata’, em São João da Barra, sofreu vandalismo na madrugada da última sexta-feira (22). Criminosos invadiram o espaço, destruíram símbolos religiosos e furtaram objetos. A direção do terreiro fez a denúncia em uma rede social. As imagens mostraram estátuas danificadas, tecidos rasgados e parte da cobertura de alumínio arrancada.

Pai Victor de Exu sacerdote do terreiro, comentou sobre o ataque. Ele afirmou que os responsáveis tinham a intenção de gerar insegurança e desrespeito à comunidade. Apesar do ataque, ele reafirmou o compromisso de manter o culto à ancestralidade. “Continuamos com a nossa missão acima de qualquer evento de intolerância e violência”, disse. Para ele, o ataque foi motivado por preconceito religioso.

No entanto, a comunidade local mantém uma relação pacífica. “Nunca pensamos em sofrer essa agressão. Estamos colando os cacos do nosso coração”, afirmou Pai Victor. O caso foi reportado à polícia, que abriu um inquérito para investigar os autores do crime. O sacerdote também anunciou a intenção de instalar câmeras de segurança para evitar novos atos de vandalismo.

A intolerância religiosa é um crime segundo a Lei nº 7.716/1989. A lei prevê pena de reclusão de um a três anos e multa para aqueles que praticam ou incitam discriminação religiosa. Assim, o aumento da intolerância religiosa no Brasil é uma preocupação crescente.

Uma pesquisa de opinião realizada durante a 17ª Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa, em setembro, revelou que 48,1% dos 505 entrevistados já foram vítimas de intolerância religiosa. Entre os relatos, as agressões verbais foram as mais comuns, atingindo 40,2%. Agressões psicológicas somaram 18,9%, enquanto a exclusão social alcançou 19,1%. A destruição de objetos religiosos foi mencionada por 5,2% dos entrevistados.

O professor doutor Babalawô Ivanir dos Santos destacou o aumento de ataques a templos e terreiros no estado do Rio de Janeiro. Ele apontou que a falta de registros dificulta a identificação dos criminosos. “O número de casos cresce a cada dia. Os dados do ISP mostram isso. Mas poucos são registrados nas delegacias”, explicou. Ele também mencionou que há apenas uma delegacia especializada no tema, localizada na capital.

Um relatório da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa propôs ações para enfrentar o problema. Entre as sugestões estão o diálogo entre lideranças religiosas, educação nas escolas sobre diversidade religiosa e o fortalecimento das leis contra a intolerância. Os dados do painel interativo Discriminação, do Instituto de Segurança Pública (ISP) do RJ, mostram que, no primeiro semestre deste ano, ocorreram 1.106 casos de injúria por preconceito.

Além disso, o preconceito de raça, cor, religião, etnia ou procedência nacional totalizou 436 casos. A intolerância e injúria racial somaram 60. A discriminação por deficiência contabilizou 41 vítimas. Tanto a intolerância por orientação sexual quanto a religiosa registraram 18 vítimas cada.

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