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quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025
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LAMENTO CRÔNICO

Reclamações cotidianas podem prejudicar o cérebro e a saúde mental

Hábito comum no dia a dia de muitas pessoas, reclamar o tempo todo pode impactar a saúde emocional e física

Postado em 5 de dezembro de 2024 por Thais Aires
Foto de Capa 14

Quem nunca começou uma conversa reclamando do trânsito ou do calor? Essa prática, tão comum, vai além de um hábito social inofensivo e pode trazer impactos à saúde mental e emocional, principalmente quando se torna uma constante. Segundo María J. García-Rubio, professora da Universidade Internacional de Valência (Espanha), a prática de reclamar constantemente, embora pareça inofensiva, pode ter efeitos negativos profundos na saúde mental, emocional e até física.

Reclamar ocasionalmente faz parte da experiência humana. É um mecanismo usado para aliviar tensões, compartilhar frustrações ou buscar empatia. Contudo, o problema começa quando esse hábito se torna crônico, estendendo-se a diversas áreas da vida, como o trabalho, o trânsito, o clima ou questões econômicas.

O estudo realizado por García indica que o ato constante de se queixar pode gerar alterações estruturais no cérebro, comprometendo habilidades cognitivas essenciais, como a resolução de problemas, o planejamento e a tomada de decisões. Esse ciclo acaba criando um ambiente propício para mais frustrações e insatisfações, alimentando um padrão difícil de ser interrompido.

O impacto desse comportamento não se restringe ao cérebro. Pessoas queixosas frequentemente apresentam sinais de ansiedade e depressão, além de sintomas físicos como fadiga, cansaço mental e até baixa imunidade.

A repetição constante de pensamentos negativos também afeta a autoestima e reduz a capacidade de resiliência diante de adversidades. Assim, aquilo que parecia ser apenas uma prática rotineira pode evoluir para um problema maior, que afeta tanto o indivíduo quanto aqueles ao seu redor.

Redes sociais e o aumento das queixas

As redes sociais intensificaram ainda mais esse cenário. O ambiente digital, com seu alcance e anonimato, tornou-se um palco ideal para reclamações de todos os tipos. Muitas pessoas, incluindo influenciadores digitais, utilizam as queixas como estratégia para atrair atenção ou engajar seguidores.

No entanto, isso contribui para a criação de um ambiente virtual carregado de negatividade, que pode amplificar os efeitos nocivos da reclamação tanto para quem produz quanto para quem consome esse conteúdo. O ciclo de críticas e insatisfações na internet reforça padrões comportamentais que extrapolam o ambiente digital e se refletem na vida cotidiana.

Mas por que reclamamos tanto?

O estudo aponta que, em muitos casos, o hábito de reclamar funciona como um mecanismo de enfrentamento. Ao vocalizar insatisfações, buscamos aliviar tensões ou encontrar validação para nossos sentimentos e opiniões. No entanto, essa prática também pode se transformar em um “loop” de negatividade, no qual o indivíduo se acostuma a enxergar o mundo por uma perspectiva pessimista, dificultando a identificação de soluções e momentos positivos.

Como interromper o ciclo da reclamação

Para María J. García-Rubio, algumas estratégias podem ajudar a reduzir o impacto negativo desse hábito, como praticar a gratidão. Concentrar-se no momento presente e valorizar aquilo que já se possui pode ajudar a mudar o foco da insatisfação para o reconhecimento. Registrar, por exemplo, aspectos positivos do dia em um diário é uma técnica simples, mas eficaz, para promover essa mudança de perspectiva. Outra abordagem envolve a busca ativa por soluções. Diante de um problema, fazer uma lista de possíveis ações para enfrentá-lo pode reduzir a sensação de impotência e gerar uma sensação de controle, aliviando parte da frustração.

Além disso, prestar atenção à linguagem utilizada no dia a dia é crucial. A psiconeurolinguística sugere que modificar palavras negativas para termos mais neutros ou positivos pode reprogramar padrões de pensamento, ajudando a reduzir a tendência a reclamar. Também é importante estabelecer limites com os outros, especialmente em conversas que tendem a ser excessivamente negativas. Sugerir enfoques construtivos ou, em alguns casos, evitar interações focadas apenas em reclamações pode proteger o bem-estar emocional.

Embora reclamar seja parte natural do comportamento humano, entender os impactos dessa prática e adotar estratégias para reduzir sua frequência pode trazer benefícios significativos para a qualidade de vida. A consciência desse hábito e o esforço para transformá-lo não são apenas formas de melhorar a saúde mental, mas também um passo importante para fortalecer relações pessoais e profissionais.

Afinal, uma abordagem mais positiva diante dos desafios pode abrir espaço para novas oportunidades, mais resiliência e maior satisfação pessoal.

 

 

 

 

 

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