Aucatzyl é a nova terapia celular aprovada nos EUA
A terapia com Aucatzyl apresentou baixa toxicidade imunológica e uma forte persistência das células T CAR, sugerindo que o tratamento pode se tornar o novo padrão para esse grupo de pacientes
Uma imunoterapia recentemente aprovada oferece esperança para adultos com leucemia linfoblástica aguda de células B (LLA), uma forma difícil de tratar da doença, segundo os resultados de um estudo clínico publicado no New England Journal of Medicine. O Aucatzyl (obecabtagene autoleucel) demonstrou eficácia em mais de 75% dos pacientes, com 55% alcançando remissão completa.
Em novembro, com base nos dados do estudo, a FDA autorizou o uso do Aucatzyl para tratar essa forma de leucemia em adultos. Elias Jabbour, professor do Centro de Câncer MD Anderson da Universidade do Texas e autor do estudo, destacou que a pesquisa confirma a eficácia do tratamento, que mostra resultados consistentes e promissores a longo prazo.
Leucemia linfoblástica aguda
A leucemia linfoblástica aguda de células B afeta a produção das células B, um tipo de glóbulo branco crucial para a defesa do organismo. No caso da doença, essas células se tornam imaturas e se acumulam na medula óssea, o que pode levar à disseminação do câncer para outras partes do corpo.
Estima-se que cerca de 75% dos adultos com LLA tenham o subtipo de células B. A taxa de sobrevivência de cinco anos é de apenas 40% para esses pacientes.
O estudo
O Aucatzyl é uma terapia de células T com receptor de antígeno quimérico (CAR), que utiliza modificação genética para ensinar as células T do sistema imunológico a identificar e combater as células cancerosas. Nesse tratamento, as células T são programadas para reconhecer o CD19, uma proteína presente na superfície das células B malignas.
O estudo envolveu 127 adultos com LLA de células B recidivante ou refratária a outros tratamentos. Após receberem quimioterapia para eliminar as células T existentes, os pacientes foram tratados com duas doses de Aucatzyl. Dos 99 pacientes que responderam ao tratamento, apenas 18 precisaram de transplante de células-tronco, que ocorreram, em média, 101 dias após a infusão da terapia. Não houve diferença significativa na sobrevida entre os pacientes que realizaram o transplante e os que não o fizeram, o que sugere que o Aucatzyl pode oferecer uma resposta duradoura.
Além disso, 68 pacientes considerados de alto risco alcançaram remissão completa, e 58 deles não apresentavam células cancerosas no sangue. Jabbour enfatizou que, até o momento, os pacientes com esse tipo de leucemia tinham opções terapêuticas limitadas, mas a terapia com Aucatzyl apresentou baixa toxicidade imunológica e uma forte persistência das células T CAR, sugerindo que o tratamento pode se tornar o novo padrão para esse grupo de pacientes.