Mais da metade dos estudantes brasileiros não dominam matemática básica
Estudo avalia o desempenho dos alunos em disciplinas de ciências e matemática no 4º e no 8º ano do ensino fundamental II
Para muitos estudantes, aprender matemática é frequentemente visto como uma tarefa desafiadora. No Brasil, 51% das crianças no 4º ano do ensino fundamental não dominam habilidades matemáticas básicas. É o que mostram os dados revelados pelo Estudo Internacional de Tendências em Matemática e Ciências (Timss, na sigla em inglês), que foram divulgados no dia 4 de novembro, pela Associação Internacional para a Avaliação do Desempenho Educacional (IEA).
O exame é realizado a cada quatro anos desde 1995, e avalia o desempenho dos estudantes em ciências e matemática no 4º e no 8º ano, e esta foi a primeira vez que o Brasil participou do exame. As pontuações são organizadas em quatro níveis: baixo (a partir de 400 pontos), intermediário (475), alto (550) e avançado (625).
No 4º ano, o Brasil registrou uma média de 400 pontos em matemática e 425 pontos em ciências. Já no 8º ano, o Brasil obteve 378 em matemática e 420 pontos em ciências.
Resultados da pesquisa
Uma parte significativa dos alunos não alcançou nem o nível de conhecimento considerado “baixo”. Para o 8º ano, essa porcentagem sobe ainda mais, chegando a 62% abaixo do nível baixo em matemática. Em contraste, na média internacional, apenas 9% dos alunos estavam nessa situação no 4º ano, aumentando para 19% no 8º ano.
Esses números mostram que os estudantes não sabem lidar com formas básicas, não entendem relações lineares de proporção, não conseguem determinar o lado de um polígono e não são capazes de interpretar informações em gráficos.
Em relação a ciências, 39% dos estudantes brasileiros não atingiram o nível baixo no 4º ano, e no 8º ano, 42% ficaram abaixo do abaixo. Por outro lado, em matemática e ciências, tanto no 4º quanto no 8º ano, somente 1% dos estudantes brasileiros conseguiu chegar ao nível máximo de proficiência.
Educação goiana fica em 1º lugar no Ideb 2023
O estado atingiu a maior nota do país no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) no ano de 2023, criado com base no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), com média 4,8 e também ficou entre as únicas três unidades da federação que atingiram a meta estipulada, que era de 4,7.
Os dados colocaram Goiás na liderança nos anos finais do ensino fundamental com uma média de 5,5. Para os anos iniciais do ensino fundamental, a nota registrada foi de 6,3.
Para promover a melhoria do aprendizado dos alunos goianos em todas as modalidades e etapas da educação básica, o Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Educação (Seduc/GO), implementa diversos programas, como o Revisa Goiás, Goiás Bem no Enem (GoBem), Ser Goiás e GoiásTec, que ampliaram o acesso ao ensino médio e levaram aulas de qualidade para as regiões mais remotas do estado.
O Bolsa Estudo, destinado aos estudantes do ensino médio e do 9° ano do ensino fundamental, tem contribuído para assegurar a frequência e o bom desempenho dos adolescentes e jovens nas escolas estaduais.
Já o AlfaMais Goiás, implantado pelo governo estadual em regime de colaboração com os municípios, garante a alfabetização das crianças na idade certa, além de melhorias já evidentes nos anos iniciais do ensino fundamental.
Desafios enfrentados pelos docentes em sala de aula
Para a pedagoga Josenilda Leite, os dados são preocupantes. “Para que um país tenha um progresso efetivo, é fundamental contar com pessoas críticas e inovadoras, pesquisadoras e cidadãos que possuam autonomia e condições de resolver problemas do cotidiano, do dia a dia. Nesse contexto, a matemática desempenha um papel crucial”, afirma.
Diante dessa pesquisa se coloca um grande desafio à frente dos professores: encontrar maneiras criativas de capturar a atenção dos alunos e tornar as aulas mais envolventes.
Assim como em outras áreas de ensino, o aprendizado da disciplina apresenta vários obstáculos para os docentes, gestores e criadores de políticas públicas. Uma possível solução pode estar na formação continuada dos educadores e nos investimentos em cursos de licenciatura.
“É necessário que tenhamos uma base mais sólida nas abordagens didáticas e metodológicas do ensino, especialmente em relação à forma de trabalhar os conteúdos”, explica Josenilda.
Contudo, ela reconhece que é imprescindível ponderar sobre os aspectos a serem aprimorados, as políticas públicas, as abordagens metodológicas e outros elementos que podem impactar o aprendizado.
Hipóteses que explicam esse desempenho tão baixo
- Pouca familiaridade com números;
- Baixa atratividade;
- Desequilíbrio na distribuição de professores;
- Desigualdade econômica.
Fonte: Timss