Policiais e civis são presos em operação contra extorsão no brás
As investigações revelaram que os policiais envolvidos realizavam cobranças em períodos de folga
Nesta segunda-feira (16), uma operação conjunta entre a Polícia Militar e o Ministério Público de São Paulo, denominada Operação Aurora, resultou na prisão de cinco policiais militares da ativa, um policial reformado, uma policial civil e oito civis. Os alvos são acusados de integrar uma organização criminosa que realizava extorsões de ambulantes no bairro do Brás, centro da capital paulista.
De acordo com as investigações, o grupo cobrava taxas anuais de R$ 15 mil e mensais entre R$ 200 e R$ 300 para permitir que ambulantes, majoritariamente estrangeiros, montassem suas barracas na região. Quando as vítimas atrasam ou não conseguem efetuar os pagamentos, eram encaminhadas a agiotas, que aplicavam juros de 20% ao mês e utilizavam métodos violentos de cobrança.
Um caso foi relatado por testemunhas protegidas: um ambulante equatoriano, após atrasar o pagamento de uma dívida com agiotas, teve sua casa invadida, foi espancado e teve R$ 4 mil roubados. Segundo o coronel Fábio Sérgio do Amaral, da Corregedoria da PM, um dos policiais presos, além de extorquir ambulantes, atuava como cobrador para os agiotas.
As investigações revelaram que os policiais envolvidos realizavam cobranças em períodos de folga, mas também usavam o horário de expediente para intimidar os ambulantes. “Durante o serviço, passavam pela região para demonstrar presença e intimidar as vítimas. Temos imagens do cabo Renato, da Rocam, parando sua motocicleta e conversando com os ambulantes durante o trabalho”, explicou o coronel Amaral.
Mensagens obtidas por quebra de sigilo no WhatsApp e escutas ambientais revelaram a dimensão das extorsões. Em uma única noite, em apenas uma rua do Brás, o grupo arrecadou R$ 2.200.
A Operação Aurora cumpriu seis mandados de prisão preventiva e 20 mandados de busca e apreensão, envolvendo cinco pessoas jurídicas e 15 pessoas físicas. Os sigilos bancário e fiscal de oito empresas e 21 indivíduos foram quebrados para aprofundar as investigações.
“O esquema ia além da extorsão direta. Criava-se um ambiente de exploração em que os agiotas se beneficiam, cobrando juros abusivos. O impacto econômico e social sobre os ambulantes, muitos em situação vulnerável, é gravíssimo”, destacou o coronel.
A investigação segue em andamento para apurar se há outros envolvidos na organização criminosa, que além de se beneficiar de extorsões também fomentava um ciclo de violência e exploração financeira.
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