Imagens geradas por IA dominam o X e aumentam preocupações com a desinformação
Especialistas alertam que imagens manipuladas podem confundir usuários, especialmente quando não há identificação clara de que se tratam de montagens
Nos últimos dias, imagens ultrarrealistas criadas por inteligência artificial, como a ferramenta Grok, têm dominado o cenário digital brasileiro, combinando humor e controvérsia política. Representações como um abraço entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), ou um passeio de Elon Musk em São Paulo com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), embora fictícias, geraram engajamento e reacenderam debates sobre o uso e os riscos dessa tecnologia.
A ferramenta Grok, vinculada à plataforma X (antigo Twitter) e semelhante ao ChatGPT, da OpenAI, foi disponibilizada gratuitamente no início de dezembro, impulsionando o volume de conteúdos criados. Segundo levantamento da consultoria Bites, entre 1º e 16 de dezembro, mais de 21 mil tuítes com imagens geradas pelo Grok foram publicados, acumulando 63,8 milhões de visualizações e 1,47 milhão de interações. O maior pico de postagens ocorreu em 11 de dezembro, um dia após a cirurgia de Lula, quando imagens manipuladas do presidente internado no Hospital Sírio-Libanês viralizaram.
Entre os destaques estava uma foto falsa de Lula com a cabeça enfaixada, que circulou como se fosse real. Agências de checagem, como Fato ou Fake, desmentiram a autenticidade, mas não antes de a imagem ser utilizada por críticos do governo para questionar a saúde do presidente. A confusão foi amplificada quando um deputado federal da base de Lula compartilhou a imagem, acreditando que fosse legítima, e depois a apagou ao perceber o erro.
Riscos e Desinformação
Especialistas alertam que imagens manipuladas podem confundir usuários, especialmente quando não há identificação clara de que se tratam de montagens. Letícia Capone, do Grupo de Pesquisa em Comunicação, Internet e Política da PUC-Rio, destaca que o apelo visual facilita o compartilhamento, tornando a desinformação mais perigosa.
Casos recentes de desinformação incluem um vídeo falso de Jair Bolsonaro, criado com outra ferramenta de IA não identificada, no qual ele suplicava para não ser preso, citando sua saúde como motivo. Outro exemplo envolveu a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, retratada em uma dança sensual manipulada. Esses conteúdos somaram centenas de milhares de visualizações.
Embora muitos conteúdos sejam claramente humorísticos, outros levantam preocupações sobre o uso ético da tecnologia. Uma imagem criada pelo Grok, publicada pelo perfil do governador Tarcísio de Freitas, mostrava Elon Musk ao seu lado em São Paulo. A publicação gerou críticas por não indicar claramente que era uma montagem, levando o perfil a inserir um rótulo no Instagram após a repercussão.
Entre os exemplos mais visualizados de humor, uma montagem que mostrava Bolsonaro se casando com a influenciadora Jojo Todynho alcançou 3,5 milhões de visualizações. Outra, com Elon Musk bebendo cerveja com Lula, gerou 1,2 milhão de visualizações, reforçando a popularidade da ferramenta.
Especialistas sugerem que postagens geradas por IA sejam rotuladas de forma obrigatória, a fim de reduzir os riscos de desinformação. Além disso, plataformas digitais são incentivadas a adotar medidas mais rigorosas para identificar e limitar o alcance de conteúdos potencialmente enganosos.
O impacto da IA no debate público brasileiro é inegável, e, enquanto a tecnologia evolui, o desafio será equilibrar criatividade, humor e ética na comunicação digital.
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