Movimento comum entre prefeitos revela busca por gestão mais técnica que política
Sob a expectativa de dias ‘difíceis’ num futuro não muito distante, prefeitos vão precisar, mais do que nunca, se reinventar para garantir um governo de resultados no ano que vem
Nos últimos anos, e cada vez mais, o eleitor tem escutado as mesmas promessas no período eleitoral. Uma delas, comum entre quase todas as candidaturas, passa pela formação de uma equipe técnica para gestão municipal. Esse ‘compromisso’ firmado com o eleitorado se torna ainda mais evidente em municípios maiores que, na maioria dos casos, enfrentam as maiores dificuldades em relação ao controle das demandas e da dívida pública.
Em 2024, esse discurso ganhou ainda mais força. Sob a expectativa de dias ‘difíceis’ num futuro não muito distante, haja vista o obstáculo dos gestores para acessar recursos, bem como os impactos da Reforma Tributária, os prefeitos vão precisar, mais do que nunca, se reinventar para garantir um governo de resultados no ano que vem.
As três maiores cidades goianas viram nos discursos de seus prefeitos eleitos o compromisso de formar um time à altura de tais desafios. Sandro Mabel, em Goiânia; Leandro Vilela, em Aparecida; e Márcio Corrêa, em Anápolis; disseram aos quatro ventos que iriam na contramão das amarras políticas, fortalecendo o discurso de que escalaria um time de especialistas.
Essa tendência reflete uma mudança de paradigma na administração pública, onde a eficiência, transparência e responsabilidade são colocadas em primeiro plano – caso, na prática, aconteça. Acontece que a complexidade dos desafios trazidos pela desigualdade, pobreza e mobilidade, exige uma abordagem mais técnica e inovadora dos novos gestores. Nesse contexto, equipes compostas por especialistas em áreas-chave, como saúde, educação e infraestrutura, podem desenvolver soluções mais assertivas.
Além disso, o entendimento comum é que a gestão técnica promove maior transparência e responsabilidade, combatendo a corrupção e o ‘clientelismo’. O entendimento unânime é que a tomada de decisões baseada em dados e evidências, em vez de interesses políticos, garante uma maior eficiência na utilização dos recursos públicos. Isso, por sua vez, melhora a qualidade de vida dos cidadãos e aumenta, consequentemente, a confiança nas instituições.
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Conhecedor das dificuldades que passam pelo ‘equilíbrio dos pratos’ o prefeito eleito de Goiânia se antecipou para penetrar e garantir um bom relacionamento com a Câmara Municipal da capital. Acontece que os vereadores, todos sabem, na maioria das vezes, são os grandes responsáveis por pressionar os prefeitos por cargos e indicações no alto escalão de todo e qualquer governo.
Em um de seus muitos encontros com os vereadores, Mabel explicou que o apoio do legislativo será essencial para implementar as mudanças necessárias e enfrentar os desafios administrativos que, segundo ele, “outros governos não tiveram coragem de realizar”. E reforçou o que tem dito a todo e qualquer prefeito eleito: “Será um ano difícil”.
Vilela, eleito em Aparecida, foi na esteira na tentativa de cultivar uma boa relação com a Câmara e garantir uma governabilidade tranquila a partir do ano que vem. Em encontro recente com as lideranças da cidade, ele reforçou sua intenção de manter uma boa relação e articular um trabalho conjunto.