Caiado intensifica agenda por 2026 e críticas ao governo Lula
Para combater o desconhecimento, Caiado terá que percorrer o país e intensificar o engajamento em pautas nacionais. O que, por sinal, tem feito com ainda mais afinco desde a virada do ano
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB), voltou a disparar contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em publicação recente, o governador elevou o tom das críticas no X – antigo Twitter – ao considerar que o presidente “tem a obrigação moral de cancelar a ida do embaixador brasileiro à posse do ditador Nicolás Maduro”.
Ainda de acordo com o chefe do executivo estadual, é necessário que o governo do presidente cobre a liberdade, “de forma contundente”, de Maria Corina Machado, que, segundo ele, foi “sequestrada pelo regime por liderar a oposição venezuelana”.
“Estive com Maria Corina em várias ocasiões e posso atestar que ela é uma mulher de coragem e fibra. Seu único crime é lutar incansavelmente pela liberdade de seu povo”, afirmou Caiado.
E continuou: “Sempre aberta ao diálogo, Maria Corina é o oposto do regime Maduro, cujo autoritarismo eu vivenciei de perto. Em 2015, fui impedido, junto com mais oito senadores, de iniciar uma Missão Internacional na Venezuela. Naquela ocasião, fomos bloqueados na saída do aeroporto por militantes armados e mantidos praticamente sequestrados dentro de uma van até nosso retorno ao Brasil.”
Para Caiado, o posicionamento de Lula em favor do ditador enfraquece a diplomacia brasileira e expõe uma certa paixão pela ditadura de um presidente que, até ontem, declarava-se amante da democracia”.
Essa não é a primeira vez, desde a virada do ano, que Caiado se posiciona de maneira firme contra o presidente. Recentemente, o governador voltou a criticar o Decreto Federal que busca disciplinar o uso da força por profissionais de segurança pública. Em entrevista à imprensa nacional, Caiado considerou que o Governo Federal quer “impor o federalismo da chantagem”.
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O decreto, que foi publicado às vésperas do Natal, aborda princípios gerais e medidas para implementação, controle e monitoramento do trabalho dos profissionais de segurança pública, de forma a “disciplinar o uso da força e dos instrumentos de menor potencial ofensivo”.
“Esperávamos do governo federal algo com capacidade de enfrentamento àquilo que tanto preocupa a população brasileira, que é o avanço das facções criminosas no país. De repente, o que vem é um decreto que tem uma dose enorme de chantagem”, reforçou.
Nos bastidores, o entendimento é de que as investidas contra o Governo Federal passam também por uma estratégia voltada à construção de uma candidatura à presidência, em 2026. Caiado, todos sabem, é pré-candidato e deverá ter Lula, ou seu sucessor, como principal adversário na eleição daquele ano.
Para chegar forte na corrida eleitoral, Caiado tem como principal obstáculo o desafio de se tornar mais conhecido Brasil afora. Recentemente, levantamento da Pesquisa Quaest mostrou que 59% dos entrevistados não conhecem o governador. Caiado é o segundo mais desconhecido da lista.
Como se não bastasse, outros dois propensos candidatos “da direita” são largamente mais conhecidos do que o governador de Goiás. Pablo Marçal (PRTB) e Tarcísio de Freitas (PL) possuem atenção midiática por estarem no maior estado do país, em questões políticas e econômicas.
O governador de São Paulo é também o primeiro da lista do núcleo bolsonarista para substituir o ex-presidente. Marçal, em paralelo, transformou a eleição pela prefeitura de São Paulo em uma disputa mais nacional do que nunca e atraiu os holofotes e grande parcela do eleitorado para si.
Por sua vez, para combater o desconhecimento, Caiado terá que percorrer o país e intensificar o engajamento em pautas nacionais. O que, por sinal, tem feito com ainda mais afinco desde a virada do ano.