Estudo revela como Zika pode causar microcefalia em bebês durante a gestação
Cientistas descobrem que o Zika pode provocar o crescimento anormal do cérebro ao usar a proteína ANKLE2 para criar a reprodução viral nas células hospedeiras
O vírus Zika utiliza uma proteína humana essencial chamada ANKLE2, fundamental para o desenvolvimento cerebral, para seu próprio benefício. A informação foi coletada através de um estudo realizado pela Universidade da Califórnia, publicado no periódico mBio.
Isso explica por que, em casos de infecção em gestantes, o Zika, que tem a capacidade de atravessar a placenta, pode causar microcefalia — uma condição em que o cérebro do bebê se desenvolve com um tamanho menor do que o normal.
“É uma situação em que o Zika está no lugar errado no momento errado”, afirmou Priya Shah, professora do Departamento de Microbiologia, Genética Molecular e Engenharia Química da universidade, além de principal autora do estudo. A pesquisa também descobriu que outros vírus relacionados ao Zika, como o da dengue e o da febre amarela, sequestram a mesma proteína para atingir objetivos semelhantes. Essa descoberta abre novas possibilidades para o desenvolvimento de vacinas e tratamentos contra arbovírus.
Síndrome congênita do Zika
Segundo o Ministério da Saúde, a síndrome congênita do Zika engloba um conjunto de anomalias que podem incluir problemas visuais, auditivos e neuropsicomotores em embriões ou fetos expostos ao vírus durante a gestação. A gravidade dessas alterações tende a ser maior quanto mais precoce for a infecção na gravidez.
A principal forma de transmissão do vírus em gestantes ocorre por meio da picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti. No entanto, também é possível contrair a infecção através de relações sexuais com pessoas contaminadas ou por transfusões de sangue. Neste último caso, o risco é baixo devido aos rigorosos testes e triagens realizados nos bancos de sangue.
Descoberta
A relação entre o Zika e a microcefalia foi identificada em 2015, quando se observou um aumento atípico de casos da condição em recém-nascidos no Brasil. Na época, o evento foi classificado como uma emergência de saúde pública, primeiro de nível nacional e depois internacional. Investigações posteriores confirmaram que os casos de microcefalia e outras alterações neurológicas estavam diretamente associados à infecção pelo vírus Zika durante a gestação.