PV e Cidadania estão de saída de suas federações
Partidos estão insatisfeitos com a parceria com o PT e o PSDB, respectivamente. Em contrapartida, outros estudam desembarque
Enquanto partidos como PSD e PSDB discutem federações ou fusões, o PDT e o PSB, o PV e o Cidadania falam em deixar seus grupos. Superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o ex-presidente do Cidadania e ainda filiado ao partido, Gilvane Felipe, confirma o fim do casamento com os tucanos.
Ele, que é ligado ao presidente do Cidadania no Distrito Federal, Cristovam Buarque, afirma haver um consenso no partido em não continuar com o PSDB. “É o pensamento da direção nacional. Não pode desmanchar [antes de maio do ano que vem], pois perde fundo partidário, espaço de liderança, etc. É um prejuízo grande separar antes de 4 anos. Mas vence em maio do ano que vem”, revela a possível saída.
Segundo ele, o Cidadania tem uma avaliação muito negativa da federação. “Pensamos que haveria maior aproximação, convergência e, quem sabe, resultar até em uma fusão de um grande partido (centro-esquerda). Mas o PSDB virou um partido sem identidade, que distanciou dos líderes históricos.”
Gilvane explica que na federação continuam existindo dois partidos. Assim, na prática, só funciona durante a eleição, quando é uma só chapa e ocorre o apoio conjunto. “Hoje, um casal já separado. Mas o divórcio sai em maio do ano que vem.”
A situação é a mesma no PV, conforme o presidente do recém-criado diretório estadual, Cristiano Cunha. Segundo ele, o PT não tem interesse na federação com a legenda. “E nós também não estamos satisfeitos. Então, acho difícil a permanência.”
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Ele ressalta, ainda, que o PT já fez duas reuniões com o PCdoB – outro federado – este ano, mas não chamou o PV em nenhuma das duas. “Agora que passamos a convenção nacional – que criou o diretório em Goiás –, o PV deve retomar conversa com outros partidos [para formar uma nova federação], mas a junção com o PT e PCdoB dura até o meio de 2026.”
Sobre a convenção, Cunha diz que ela foi o foco e não a federação. Contudo, ficou muito satisfeito, pois Goiás saiu vitorioso. “Conseguimos aumentar a participação no diretório, eu consegui uma vaga para participar da executiva e também serei o coordenador da região Centro-Oeste.” Enquanto o Cidadania conversa sobre uma nova federação com PDT e PSB, o PV tem – além destes dois partidos – diálogos com o Solidariedade e o PRD.
Federação
As federações existem desde 2021, quando foram aprovadas por uma reforma eleitoral do Congresso Nacional. A atuação, contudo, passou a valer em 2022. Elas devem ser formadas por dois ou mais partidos que se juntam para atuar como um só e são submetidas às mesmas regras que são aplicadas aos partidos políticos.
Atualmente, existem três federações. Todas elas foram formadas em maio de 2022. A primeira, no dia 24, foi a Brasil da Esperança (FE Brasil). Ela é composta por PT, PCdoB e PV.
As demais foram deferidas pela Justiça Eleitoral em 26 de maio de 2022. Uma delas é formada por PSDB e Cidadania e a outra por PSOL e Rede. A legislação prevê que os partidos, ao se federarem, devem permanecer juntos por, pelo menos, 4 anos.
Caso haja o desligamento de uma legenda da federação antes do prazo, ela continua a existir, desde que sobrem, pelo menos, dois partidos. Aquele que saiu terá como punições: proibição da utilização do fundo partidário até a data fim da federação e não fazer coligação pelas próximas duas eleições.