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segunda-feira, 27 de janeiro de 2025
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Pacientes denunciam a falta de limpeza nas unidades de saúde da capital

Insalubridade é vivenciada desde novembro do ano passado; Na época os funcionários relataram a falta dos salários, vale-transportes e vale-alimentação

Postado em 27 de janeiro de 2025 por Letícia Leite
A suposta falta de pagamento dos salários dos trabalhadores de limpeza está afetando o atendimento nas unidades. Foto: Reprodução | Redes Sociais

A falta de higiene em qualquer local torna o ambiente mais suscetível ao crescimento de bactérias e à presença de mosquitos que transmitem doenças sérias. No contexto hospitalar, essa atenção com a limpeza deve ser redobrada, uma vez que o contato de um paciente vulnerável com certos germes pode piorar sua condição. 

É fundamental manter os espaços hospitalares limpos e desinfetados para garantir um atendimento de qualidade aos pacientes e um ambiente seguro para os profissionais de saúde, assegurando a proteção física de todos, já que o local é propício à proliferação de patógenos, incluindo bactérias, fungos e vírus, devido ao fluxo constante de pessoas afetadas por diversas doenças. 

Em Goiânia a suposta falta de pagamento dos salários dos trabalhadores de limpeza tem afetado o atendimento nas unidades de saúde de Goiânia. Uma vez que essa situação prejudica diretamente no funcionamento dos centros de atenção integrada à saúde (Cais) e das unidades de pronto atendimento (UPAs) da cidade. 

O crescente atraso nos salários dos colaboradores terceirizados de higienização e limpeza, que atuam sob a gestão da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), coloca esses profissionais em uma condição de vulnerabilidade. 

Em novembro do ano passado, os funcionários relataram a falta dos salários, vale-transportes e vale-alimentação, além da dificuldade em entrar em contato com os responsáveis pela Loc-Service Comércio e Serviço, a empresa encarregada da limpeza de pelo menos 50 unidades de saúde na região. Na época, 30% dos trabalhadores de cada unidade cumpriam a carga horária, o que sobrecarregava os profissionais presentes. E mesmo assim, eles tentavam manter o funcionamento dos atendimentos.

Acontece que essa falta de limpeza, ainda é vivida atualmente nas unidades de saúde do Cais de Campinas e na UPA Chácara do Governador, de acordo com denúncias dos pacientes. A costureira Ednalva Maria Silva, que teve seu pai internado durante sete dias no cais do Jardim Novo Mundo, confirma o descaso.

“Dos dias que eu tô vindo aqui, desde sexta-feira, você não acha um funcionário da limpeza. Não existe, não tem lugar nenhum. O banheiro está um nojo, uma sujeira, uma catinga insuportável. Não tem água nas torneiras, do quarto que meu pai está”, afirma.

Ainda de acordo com Ednalva, outros pacientes presentes também enfrentam essa mesma dificuldade. “Uma menina que já está aqui tem dois dias, com a mãe esperando uma vaga disse que está tudo sujo, porque não está tendo limpeza, que não está tendo pagamento de funcionário, é por isso que tá tudo bagunçado”, continua.

Segundo o Sindicato dos Trabalhadores do Sistema Único de Saúde no Estado de Goiás (SindSaúde/GO), a insalubridade encontrada nas UPAs e Cais ainda é em decorrência da falta de pagamento dos funcionários, e frequentemente ocorre a paralisação dos trabalhadores em função por não estarem recebendo as verbas salariais.

“De fato existe essa dificuldade na higiene das unidades porque a prefeitura de Goiânia vinha atrasando o pagamento da Loc Service, ou seja, o repasse para a empresa que era terceirizada da higiene e limpeza, há muitos meses. O fato deles atrasarem o pagamento para a empresa, atrasava o pagamento para os trabalhadores e acabava que eles não tinham uma continuidade no serviço de higiene e limpeza e as unidades ficavam com poucos funcionários da Loc Service e muitas vezes esses funcionários paralisam as atividades por falta do pagamento”, explica a presidente Néiva Vieira.

A presidente ressalta os riscos gerados com a falta de higiene local. “Higiene e limpeza é um princípio básico de controle de infecção hospitalar. Se você não consegue garantir a higiene e limpeza do ambiente, dificilmente você vai conseguir garantir controle de infecção das doenças, seja para uma função venosa, seja para um procedimento cirúrgico de menor porte, que normalmente é realizado nas unidades. Aumenta o risco de infecção, por exemplo, de acessos venosos, acessos centrais, que muitas vezes são realizadas nas salas vermelhas, e o paciente, quando precisa ser encaminhado para outras unidades de maior porte, ele já vai com outros comprometimentos que ele não teria caso tivessem tido condição de atendimento adequada. E então, higiene e limpeza é básico para garantir controle de infecção em ambientes de saúde”, finaliza.

Falta de higiene aumenta o risco de infecção hospitalar 

O termo “higienização hospitalar” abrange todos os procedimentos destinados a eliminar sujeiras e qualquer tipo de microrganismos prejudiciais de superfícies, como pisos, paredes, bancadas, mesas, maçanetas, utensílios, instrumentos e muito mais. 

Dessa forma, a higienização deve ser apropriada para diversos tipos de materiais, o que requer o uso de produtos e métodos distintos. Por isso, essa prática é classificada em três categorias:

Limpeza: Consiste na remoção completa de toda sujeira de qualquer superfície ou ambiente (piso, paredes, teto, móveis e equipamentos). Este processo deve ser feito utilizando água, detergente e ação mecânica manual. É um passo que deve ser realizado antes das etapas de desinfecção e esterilização;

Desinfecção: Refere-se ao procedimento que visa eliminar microrganismos patogênicos na sua forma ativa, que se encontram em itens médico-hospitalares ou em superfícies, através da utilização de uma solução germicida aplicada em uma área que já foi limpa anteriormente.

Descontaminação: Trata-se da eliminação de materiais orgânicos de uma superfície, utilizando uma solução desinfetante que é aplicada diretamente sobre o contaminante presente.

Para garantir que os processos de limpeza sejam realizados de forma correta, foram criadas diversas Normas Regulamentadoras, entre elas está a NR-32, aprovada pela Portaria MTE nº 485/2005, que “tem por finalidade estabelecer as diretrizes básicas para a implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral.”

Entre os profissionais abrangidos, temos médicos, dentistas, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, técnicos de enfermagem, atendentes de ambulatórios, motoristas de ambulância, técnicos responsáveis pela limpeza ou manutenção de equipamentos, entre outros.

Observe que, embora a NR-32 tenha como prioridade a proteção dos trabalhadores da saúde, os pacientes também se beneficiam de sua implementação, uma vez que a norma inclui diversas diretrizes relacionadas à limpeza adequada dos espaços hospitalares. Confira nos trechos:

“32.3.9.4.3 Devem ser elaborados manuais de procedimentos relativos à limpeza, descontaminação e desinfecção de todas as áreas, incluindo superfícies, instalações, equipamentos, mobiliário, vestimentas, EPI e materiais.” Esse trecho dispõe sobre a padronização dos processos de limpeza.

“32.8.1 Os trabalhadores que realizam a limpeza dos serviços de saúde devem ser capacitados, inicialmente e de forma continuada, quanto aos princípios de higiene pessoal, risco biológico, risco químico, sinalização, rotulagem, EPI, EPC e procedimentos em situações de emergência.” Já esse parágrafo determina sobre a capacitação dos profissionais, o que garante tanto a sua segurança quanto a qualidade e conformidade da higienização.

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