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domingo, 21 de dezembro de 2025
Patrimônio Histórico

Pesquisa arqueológica pode revelar cemitério de escravizados

Ministério Público da Bahia discute termo de cooperação para viabilizar escavações no local, que pode resgatar a memória da Revolta dos Malês e da população negra escravizada

Luana Avelarpor Luana Avelar em 30 de janeiro de 2025
Pesquisadores e autoridades discutem a viabilidade da pesquisa arqueológica que pode revelar vestígios de um cemitério histórico em Salvador. Foto: MP-BA
Pesquisadores e autoridades discutem a viabilidade da pesquisa arqueológica que pode revelar vestígios de um cemitério histórico em Salvador. Foto: MP-BA

O Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) mediou uma reunião na última quarta-feira (29) para discutir a realização de uma pesquisa arqueológica que pode confirmar a existência de um cemitério de escravizados sob o estacionamento da Pupileira, no bairro de Nazaré, em Salvador. O encontro reuniu promotores de Justiça, representantes da Santa Casa de Misericórdia, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a pesquisadora Silvana Olivieri, doutoranda em Urbanismo pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). O objetivo foi elaborar um termo de cooperação para viabilizar o estudo arqueológico.

Segundo pesquisas de Silvana Olivieri, o cemitério funcionou por aproximadamente 150 anos, desde o século XVIII, e era administrado pela Câmara Municipal e, posteriormente, pela Santa Casa de Misericórdia. O local teria sido utilizado para sepultar pessoas escravizadas, além de pobres, indigentes, suicidas e encarcerados. O espaço foi fechado em 1844 e desapareceu da paisagem urbana, sem registros visíveis de sua existência.

Além de identificar o cemitério, a pesquisa pode resgatar a memória de figuras que participaram da Revolta dos Malês, de 1835, e de outras mobilizações contra a escravidão no Brasil. Para a promotora de Justiça Cristina Seixas, o estudo representa uma oportunidade de dar visibilidade a essas histórias negligenciadas. A pesquisadora Silvana Olivieri destaca que a descoberta pode abalar as bases coloniais e racistas da cidade, ao revelar memórias apagadas pela história oficial.

O MP-BA aguarda até 24 de fevereiro a resposta da Santa Casa de Misericórdia sobre a assinatura do termo de cooperação, que permitirá o início das escavações. Caso autorizado, o estudo poderá fornecer evidências sobre práticas de sepultamento, cultura funerária e resistência da população negra escravizada, reforçando o direito à memória, à verdade e ao luto.

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