Escalada nas tensões provoca incerteza em políticas americanas sobre o Brasil
Especialistas falam como Trump tem mirado nas economias de outras nações para provocar negociações favoráveis aos EUA
![foto reproducao](https://ohoje.com/wp-content/uploads/2025/02/foto-reproducao-1024x476.jpg)
Durante uma entrevista em uma rádio, o presidente Lula (PT) quebrou o silêncio sobre as declarações estadunidenses de uma possível posse do país sob a região da Faixa de Gaza que é hoje comandada pelo Hamas. Durante a transmissão, Lula criticou veementemente as políticas norte-americanas. Vale lembrar que o petista é um aliado de longa data da Autoridade Palestina e desde o conflito defende os direitos dos povo palestino. Na entrevista, Lula reafirma a autodeterminação dos povos sob a administração de Gaza ao afirmar que “quem tem que cuidar dos palestinos são os palestinos”.
Além disso, o mandatário também desferiu críticas ao presidente estadunidense. Em um momento, Lula relaciona Trump a um “aloprado que pode destruir em quatro [anos] o que demorou vinte [anos] para construir”. Além disso, o petista voltou a criticar a forma como os deportados foram processados e enviados ao Brasil e afirma que empenhou a Polícia Federal de averiguar sobre a presença brasileira em solo dos EUA.
Afirmações como essas simbolizam a escalada de tensões entre os dois países que aumentou exponencialmente desde a entrada de Trump na sala oval pela segunda vez. Essa tribulação nas relações causa um temor por parte do setor produtivo de uma taxação dos produtos brasileiros como ocorreu em 2018 pelo republicano. Sobre isso, a cientista política Rejaine Pessoa relata que por se tratar de um segundo mandato há um grau de previsibilidade nas próximas ações do mandatário. “Os dois [líderes] estão repetindo o mandato, e o que nós já sabemos de Trump é que ele está colocando em prática o que divulgou durante as campanhas eleitorais.”
Junto a isso, declara que ações como a imposição de tarifas podem afetar como ocorre o debate no Congresso Federal. No último dia 29, o deputado federal Dr. Luiz Ovando (PP-MS) repercutiu nas redes sociais as falas de Trump ao afirmar que o Brasil é grande criador de taxas sobre produtos. Além disso, muitos parlamentares e brasileiros possuem admiração aos estadunidenses devido a aproximação cultural proveniente das tecnologias. Caso as relações piorem, afirma que pode “salgar” ainda mais o debate político. “Hoje vivemos uma intolerância muito grande, qualquer artifício é colocado como ponto de partida para um debate acalorado”, afirma.
Apesar dos riscos, especialistas apontam que se houver as taxações dos produtos brasileiros, deverão ser pontuais e incidirão sobre produtos seletivos, como afirma o diretor de Relações Governamentais e Comércio Internacional da BMJ Consultores Associados, José Pimenta, ao O HOJE. O especialista conta que Trump procura desestabilizar o comércio e o sistema econômico internacional a fim de criar situações favoráveis para negociações políticas.
Sobre isso, o internacionalista afirma que as medidas de tarifação de Trump afetam nações exportadoras de alto impacto comercial na balança norte-americana, como México, Canadá e a China. Apesar disso, pontua que foi usada como moeda de negociação para temas de interesse do mandatário, uma vez que o acordo firmado anulou as tarifas impostas como ocorreu com o México. Em uma situação no Brasil, Pimenta aponta que Trump deve intermediar um acordo da redução de tarifas e da não criação de uma moeda universal do bloco do BRICS, ao qual Lula deve presidir em 2025. “O brasil precisa se preocupar? Claro, mas se houver uma taxação deve ser pontual. Agora o próximo alvo de Trump deve ser a União Europeia.”