Com prefeitos do PL na mira, Caiado quer apoio para Daniel Vilela em 2026
Governador de Goiás tem “assediado” prefeitos oferecendo apoio do Executivo estadual em troca de adesão à base governista, enquanto partido tenta resistir para fortalecer Wilder Morais
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Bruno Goulart
A política goiana vive um momento de tensão e estratégias cruzadas com o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) focado em atrair prefeitos do PL para sua base aliada – o objetivo é projetar o vice-governador Daniel Vilela (MDB) ao Palácio das Esmeraldas em 2026. O PL, no entanto, resiste à pressão, buscando manter sua unidade partidária e fortalecer o senador Wilder Morais, pré-candidato ao governo estadual. Para isso, prefeitos do PL goiano participaram, na última terça-feira (11), de um jantar com a cúpula estadual do partido e o ex-presidente Jair Bolsonaro em Brasília. A mensagem foi clara: “não cedam aos assédios de Caiado”.
O União Brasil, partido do governador, foi a força política que mais elegeu prefeitos nas últimas eleições municipais, com um total de 94 cadeiras ocupadas. O MDB, partido de Daniel Vilela, ocupa a segunda posição, com 47 prefeitos. Já o PL aparece em terceiro lugar, com 27 prefeitos eleitos. Juntos, os partidos governam 168 dos 246 municípios goianos. Isso equivale a 68% das cidades, quantidade significativa que, se migrar para a base governista, fortaleceria consideravelmente a estrutura de Caiado e seus planos para 2026.
Estratégia
A estratégia do governador se baseia em oferecer apoio do Executivo estadual aos prefeitos que aderirem à base governista, garantindo recursos, emendas e facilidades na gestão municipal. Por outro lado, aqueles que permanecerem no PL podem enfrentar dificuldades no repasse de verbas e no atendimento de demandas locais. Nos bastidores, a avaliação é de que a pressão sobre os prefeitos é uma forma de desidratar o PL e enfraquecer Wilder Morais, que busca consolidar sua candidatura ao governo em 2026.
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No entanto, a situação ganhou novos contornos após o jantar do ex-presidente Jair Bolsonaro com integrantes do PL goiano, na última terça-feira (11), em uma churrascaria de Brasília. Na ocasião, Bolsonaro elogiou Wilder Morais e reforçou a importância de os prefeitos permanecerem no partido. O presidente do PL goiano também prometeu prioridade na destinação de emendas parlamentares aos prefeitos da legenga. Além disso, o ex-presidente também afirmou que o PL “tem um projeto para Goiás”, o que foi interpretado por alguns presentes como um endosso à candidatura de Wilder. No entanto, Bolsonaro evitou definir nomes e ressaltou que a prioridade do partido, no momento, é eleger senadores, e não governadores.
Crise
A articulação de Caiado, no entanto, não é o único desafio para o PL goiano. O partido enfrenta uma crise interna após a aproximação de Bolsonaro com o vice-governador Daniel Vilela, ocorrida no final do ano passado. Na época, o ex-presidente recebeu Vilela em Brasília, acompanhado do vereador Vitor Hugo, gerando mal-estar entre os aliados de Wilder. Há especulações de que Bolsonaro possa apoiar Vilela em 2026, o que frustraria os planos do PL e de Wilder Morais.
Para tentar conter a possível migração de prefeitos para a base governista, Wilder e a cúpula do PL têm insistido na tese de que os gestores municipais devem resistir às “chantagens” do governo. A permanência no partido, segundo eles, é essencial para manter o grupo de Wilder forte e competitivo em 2026. No entanto, há receios de que, sem o controle da máquina estadual, o PL possa sofrer uma desidratação ao longo de 2025, perdendo espaço e influência política.
A decisão dos 27 prefeitos do PL será crucial para o futuro político de Goiás. Se migrarem para a base governista, fortalecerão Caiado e Daniel Vilela, consolidando o projeto de reeleição em 2026. Caso contrário, manterão o PL como uma força relevante no estado, fortalecendo Wilder Morais e garantindo ao partido um papel central nas eleições futuras.