O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tem se esforçado para minimizar os diferentes descompassos de seu governo. Entraves internos já não são uma novidade. Evidentemente, a situação não se restringe apenas ao seu governo. Historicamente outras lideranças que estiveram em sua posição também enfrentaram problemas semelhantes que se tornaram verdadeiras crises internas.

Um dos pontos de divergência, passa pelo nome de Janja. A primeira-dama do Brasil tem se mostrado, cada dia mais, uma peça importante do tabuleiro político do Palácio do Planalto. Muitas vezes na posição de conselheira, têm influído, naturalmente, em importantes decisões, o que agrada a gregos, mas não a troianos.

Recentemente, o petista foi questionado sobre as supostas interferências de Janja em seu governo. Em entrevista à rádio Tupi, do Rio de Janeiro, o petista comentou as intervenções da primeira-dama, porém, por uma outra ótica.

“Sinceramente, acho graça quando ouço dizer ‘ah, porque a Janja dá palpite na vida do Lula’. A coisa gostosa que tem na minha relação com a Janja é que ela dá palpite na minha vida. Ela cuida de mim de uma forma muito especial. Não me incomoda, isso me ajuda”, disse.

Depois de brincar sobre a existência de um anão debaixo da mesa — em alusão às conversas de bastidores sobre as interferências de sua esposa — mandou, o que foi considerado por muitos, como um recado a seus ministros.

“Se os ministros falam demais, isso é prejudicial aos próprios ministros”, e emendou na sequência que “muita gente fala em reforma política sem eu falar. Muita gente fala em reforma ministerial sem eu falar. Mas as decisões sou eu que tomo e, na hora que tiver que mudar alguém, eu vou mudar”.

As ‘interferências’ de Janja tem desencadeado diversos comentários, dentro e fora do Governo. As críticas avançam à medida com que as eleições se aproximam e que o centrão pressiona por mais espaço no governo.

Nos bastidores, o comentário é que o nome da primeira-dama tem sido fritado por uma ala do PT. Em off, evidentemente. Em on, o discurso é de que não há qualquer dissabor em relação aos “palpites”  de Janja nas questões políticas de Lula. O mais recente comentário é de que a esposa do presidente estaria intervindo, inclusive, em assuntos e reuniões ministeriais.

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Conforme mostrado por reportagem do jornal O Globo, Janja da Silva é vista como uma das responsáveis por ampliar desgastes da atual gestão.

A pressão em torno do nome da primeira-dama tem crescido a ponto dos pesquisadores entrarem em campo para entenderem a percepção dos brasileiros acerca de seu nome. E os resultados confirmam o ambiente de desidratação envolto ao nome da primeira-dama. Segundo levantamento da AtlasIntel/Bloomberg, 58% dos brasileiros têm uma imagem negativa a seu respeito. Em outubro, eram 40%.

Um outro indicador que registrou oscilação expressiva diz respeito àqueles que têm uma percepção positiva da imagem da primeira-dama. Em outubro eram 48% dos brasileiros. Agora, são 32%. Não sabe caiu de 12% para 10%.

Diante dos diferentes comentários a cerca da primeira-dama, Lula fez uma defesa incisiva de sua esposa à toda militância que se reuniu no final de semana para comemorar o aniversário de 45 anos do PT. “Janja agora é a bola da vez. Para me atingir, atacam a Janja. (…) Graças a Deus eu tenho uma mulher com quem converso sobre política, que não tem medo de falar com o marido”.

Tratando-se da oposição, a fritura tem sido ainda mais intensa. A primeira-dama virou alvo de diversas lideranças políticas que a criticam abertamente por gastança, luxo, poder e sigilo.