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terça-feira, 25 de fevereiro de 2025
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Saúde

Nova vacina no SUS protegerá gestantes e bebês contra vírus respiratório

Dados apontam que o Vírus sincicial respiratório é responsável por até 75% das bronquiolites e 40% das pneumonias em Goiás

Postado em 25 de fevereiro de 2025 por Eduarda Leão
sus vacina grávidas
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O Ministério da Saúde anunciou recentemente a incorporação da vacina recombinante Abrysvo, ao Sistema Único de Saúde (SUS). Produzida pela Pfizer, a medicação tem como objetivo proteger recém-nascidos e os idosos contra o vírus sincicial respiratório (VSR), um dos principais causadores de bronquiolite em bebês. 

A dose será aplicada em gestantes entre 24 a 36 semanas, garantindo a imunização passiva do bebê nos primeiros meses de vida. A portaria com os detalhes do esquema vacinal deve ser publicada nos próximos dias.

O VSR é uma das principais causas de infecções respiratórias graves em bebês e crianças pequenas. Segundo a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), ele é um dos responsáveis por casos de bronquiolite, uma inflamação dos bronquíolos que pode comprometer seriamente a respiração.

Dessa forma, de acordo com o Ministério da Saúde, os estudos levantados à Conitec apontam que a vacina para grávidas pode evitar cerca de 28 mil internações anuais. Além disso, segundo a pasta, entre 2018 e 2024, foram registradas 83.740 internações de prematuros devido a problemas relacionados ao VSR, como bronquite, bronquiolite e pneumonia

O vírus costuma circular com maior intensidade no inverno e no início da primavera, podendo causar epidemias. No Brasil, sua sazonalidade varia conforme a região, mas surtos em outras estações também podem ocorrer. A transmissão acontece através de gotículas expelidas ou pelo contato com objetos contaminados.

A pediatra e diretora da Sociedade Goiana de Pediatria, Paula Pires de Souza, explica que a bronquiolite tem sintomas que se diferenciam de outras doenças respiratórias. “Eles são parecidos com crises de asma, mas diferentes no tratamento. Na asma, por exemplo, há uma resposta ao uso de broncodilatadores, o que não ocorre sempre com o VSR”.

A maioria das crianças infectadas pelo vírus apresenta sintomas leves, semelhantes aos de um resfriado comum. No entanto, em bebês menores de dois anos, a infecção pode evoluir para um quadro mais grave. Segundo a pediatra, os sintomas iniciais incluem obstrução nasal, coriza, tosse e febre. Com a evolução, podem surgir desconforto respiratório, taquipneia e, nos casos mais graves, cianose e insuficiência respiratória.

Essa progressão da doença é um dos motivos pelos quais é essencial que os pais fiquem atentos aos sinais de agravamento. “Se a criança apresenta dificuldade para mamar, batimento de asa do nariz com desconforto respiratório, esses são sinais de alerta. Qualquer sinal deste é uma emergência e a mãe tem que levar o bebê imediatamente ao pronto-socorro”.

O diagnóstico da infecção por VSR é clínico e pode ser confirmado por exames laboratoriais, como testes rápidos e ensaios moleculares como PCR-RT. Até o momento, não há um tratamento específico para a doença. 

“Diante de um quadro grave, é imprescindível a hospitalização para oxigenoterapia e outras medidas de suporte”, explica a Sociedade Brasileira de Imunizações. “Pode ser necessário o uso de respiradores mecânicos, em ambientes de UTI”, afirma.

Apesar disso, a maioria dos pacientes se recupera em cerca de sete dias. “Entretanto, crianças podem desenvolver alterações respiratórias crônicas e tornam-se mais propensas à asma no futuro”, acrescenta a SBim.

Embora a incorporação da vacina ao SUS seja um avanço, a imunização contra o vírus ainda enfrenta desafios. “O maior obstáculo é o alto custo”, afirma Paula Pires. Atualmente, a proteção disponível para crianças é a imunização passiva, feita por meio de anticorpos, e é direcionada apenas a grupos de risco. “Existe uma dificuldade de abrangência em todos os municípios, pois a aplicação requer um preparo específico”, continua.

A proteção das gestantes também ainda não está disponível na rede pública. Segundo a pediatra, esse medicamento para gestantes é de alto custo e ainda não foi disponibilizado pelo SUS. Além disso, no caso das crianças, a imunização é oferecida apenas durante o período sazonal, o que limita ainda mais o acesso. 

As infecções são frequentes e representam um desafio para os sistemas de saúde. “Já têm sido relevantes nos atendimentos de pronto-socorro e nas internações, acometendo bebês principalmente até dois anos, levando a casos de internação”, reforça Paula.

O prazo previsto para a disponibilidade da vacinação no SUS é de até 180 dias, podendo ser prorrogado por mais 90 para a conclusão. Enquanto isso, a principal alternativa disponível para a prevenção do VSR no Sistema é o palivizumabe

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