O Hoje, O Melhor Conteúdo Online e Impresso, Notícias, Goiânia, Goiás Brasil e do Mundo - Skip to main content

quarta-feira, 12 de março de 2025
Publicidade
Crise de imagem

Lula quer ampliar isenção de IR para reverter impopularidade 

Trabalhos nos próximos meses será pela recuperação do prejuízo, com foco na implementação de promessas feitas em 2022

Postado em 12 de março de 2025 por Felipe Cardoso
Lula foto: Agência Brasil
Lula foto: Agência Brasil

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que iniciou seu terceiro mandato em janeiro de 2023, vive um momento delicado em sua trajetória. Após um início de governo que buscou retomar a confiança da população e reconstruir uma imagem após os anos de crise política e econômica que marcaram o período de 2016 a 2022, o atual mandatário se vê diante de um novo ‘problema de imagem’.

Pesquisas de satisfação têm mostrado uma queda gradual na popularidade do presidente, o que tem gerado preocupação dentro do próprio Partido dos Trabalhadores (PT). Diferentes fontes ligadas à sigla apontam que, ao longo dos próximos meses, a principal estratégia do governo será a recuperação dessa popularidade, com foco na implementação de promessas feitas durante a campanha eleitoral de 2022. A ideia é chegar forte em 2026.

Nesse contexto, uma das promessas mais emblemáticas de Lula foi a isenção do Imposto de Renda (IR) para brasileiros que recebem até R$ 5 mil mensais. Segundo membros do PT, essa proposta continua sendo uma prioridade para o governo, que acredita que, se alcançada, a medida pode gerar um impacto positivo na percepção dos brasileiros em relação ao presidente e, consequentemente, ao governo. 

A isenção do Imposto de Renda seria uma forma de aliviar a pressão sobre as camadas de renda mais baixas e intermediárias, um gesto que faria eco com a base eleitoral que elegeu Lula e que busca políticas de redistribuição de renda.

No entanto, a implementação dessa promessa não será tarefa simples. Isso porque a medida esbarra na complexidade de uma economia marcada por altos níveis de dívida pública e de déficit fiscal. 

Especialistas já alertam que a renúncia de receita que uma isenção dessa magnitude representaria poderia aumentar ainda mais o rombo nas contas públicas, o que geraria resistência, principalmente no mercado financeiro, além de críticas de setores mais conservadores e até de aliados do governo. 

A leitura é que, além disso, a economia brasileira que ainda busca se recuperar de crises passadas enfrentaria dificuldades em absorver essa mudança sem um ajuste fiscal rigoroso, o que poderia afetar, inclusive, outras áreas prioritárias do governo. Como se não bastasse,  Lula enfrenta a pressão da inflação e da alta taxa de juros, fatores que contribuem para a insatisfação da população. 

Leia mais: Moraes libera contato entre Valdemar e Bolsonaro e revoga medidas cautelares

Outro desafio significativo será a articulação política necessária para a aprovação de qualquer medida de grande impacto. O Congresso Nacional, onde o governo enfrenta um ambiente político mais fragmentado e, em alguns momentos, hostil, se revela um obstáculo constante. Embora Lula tenha experiência em negociar com os parlamentares, o cenário político atual exige uma capacidade ainda maior de diálogo e concessões para avançar com sua agenda. 

Ao assumir o cargo de ministra da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência (SRI), Gleisi Hoffmann destacou a aprovação da isenção como agenda legislativa prioritária do governo este ano. Ela, que considerou essa uma “questão de justiça”, é vista como uma das peças centrais na construção dessa investida. Contudo, a petista é vista com grande desconfiança por boa parte do Congresso que a considera uma figura amplamente ideológica. Com isso, a leitura é de que viabilizar essa proposta pode se tornar missão ainda mais improvável. 

Sendo assim, a promessa em questão pode ser lida, caso alcançada, como uma tentativa de melhorar os números das pesquisas de forma pontual, sem uma mudança estrutural real na economia. Em outras palavras, a eficácia de uma medida como essa para reverter um quadro de imagem, caso não venha acompanhada de outras políticas públicas, pode trazer pouco ou nenhum resultado concreto. 

Você tem WhatsApp ou Telegram? É só entrar em um dos canais de comunicação do O Hoje para receber, em primeira mão, nossas principais notícias e reportagens. Basta clicar aqui e escolher.
Veja também