O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou um financiamento de R$ 32 milhões para a produtora Conspiração, responsável pela coprodução do premiado filme Ainda Estou Aqui, vencedor do Oscar de Melhor Filme Internacional. A medida, anunciada na última segunda-feira (11), reflete a estratégia do banco de impulsionar a indústria cinematográfica brasileira e promover a internacionalização do setor. Esse investimento se insere em um movimento mais amplo de retomada de recursos públicos para o cinema nacional, buscando superar desafios históricos, como a falta de infraestrutura e a baixa acessibilidade à exibição de filmes.

Com o apoio do Programa BNDES FSA Audiovisual, o financiamento tem como objetivo financiar a produção, distribuição e internacionalização de obras audiovisuais, além de investimentos em infraestrutura, como a aquisição de equipamentos. Especialistas destacam que o cinema pode gerar uma ampla gama de empregos qualificados, desde a produção até a distribuição, e que esse setor tem o potencial de contribuir significativamente para o crescimento econômico e a promoção da identidade cultural do Brasil no exterior.

José Luís Gordon, diretor do BNDES, afirmou que a atual gestão do banco prioriza o setor audiovisual e, ao contrário de administrações anteriores, busca estimular diretamente o desenvolvimento cultural do país. A Conspiração, uma das maiores produtoras independentes da América Latina, almeja ampliar sua presença no mercado global, e a aprovação do financiamento reforça esse projeto de internacionalização, ajudando a colocar o Brasil em evidência no cenário cultural mundial.

No entanto, o professor Rafael de Luna, da Universidade Federal Fluminense (UFF), alertam que a regulamentação dos serviços de streaming é fundamental para garantir que os conteúdos brasileiros alcancem o público global. “O foco não pode ser apenas na produção, mas também em garantir o acesso dos filmes nacionais às plataformas de exibição, que dominam o mercado audiovisual hoje”, pontua o acadêmico. A regulamentação dessa indústria é um dos principais objetivos do Ministério da Cultura para 2025.

Por fim, a internacionalização do cinema brasileiro não deve ser vista como um fim em si mesmo. Segundo o professor Leo Morel, da FGV, fortalecer o mercado interno é fundamental para garantir a sustentabilidade do setor. O investimento na produção nacional e a conquista do público brasileiro criam as bases para a expansão do cinema no exterior, tornando-o uma ferramenta poderosa para impulsionar a economia e promover a cultura brasileira no cenário global.