Camelôs são proibidos de atuar nas ruas e calçadas da capital
Medida visa organizar o comércio na cidade e garantir maior segurança e fluidez para consumidores e lojistas

O prefeito de Goiânia, Sandro Mabel (UB), confirmou, na terça-feira, 11, que a partir do dia 30 de março os camelôs não poderão mais atuar nas ruas e calçadas da capital, especialmente na região da Rua 44 e na Feira Hippie. Durante um evento com representantes do Sindilojas-GO, Mabel foi enfático ao afirmar que a fiscalização será rigorosa. “Pode esquecer! 30 de março não tem mais”, declarou.
A medida visa organizar o comércio na cidade e garantir maior segurança e fluidez para consumidores e lojistas. O prefeito destacou que os vendedores informais terão a opção de migrar para lojas desocupadas nas galerias, pagando aluguel, mas descartou a possibilidade de um aluguel social para auxiliar a transição.
Além disso, fiscais da Secretaria de Planejamento Urbano (Seplan) e a Guarda Civil Metropolitana estarão 24 horas na região para impedir a montagem de bancas e a comercialização irregular.
A decisão da Prefeitura tem gerado intensos debates entre especialistas e comerciantes da região. Para o economista Luiz Carlos Ongaratto, a retirada dos camelôs pode trazer benefícios para o comércio formal. “O primeiro impacto é beneficiar o fluxo de pessoas na região da 44. Facilita o trânsito dos consumidores e libera a fachada das lojas, tornando-as mais visíveis. Além disso, reduz a obstrução das vias e o risco para pedestres, o que contribui para a organização urbana”, explica.
No entanto, Ongaratto alerta para os desafios da realocação. “Sem um incentivo como o aluguel social, o que pode acontecer? O desamparo dessas pessoas. Elas perderem sua principal fonte de renda. Isso pode levar a uma migração para áreas próximas, sem solucionar o problema. Essas pessoas precisam estar em locais com fluxo de clientes e estrutura adequada para que possam se adaptar à formalização de forma eficiente.”
Já a economista Greice Guerra ressalta que o Brasil possui uma alta taxa de informalidade devido a fatores como carga tributária elevada e baixa escolaridade. Para ela, a retirada dos camelôs pode gerar um problema social.
“Retirar os ambulantes sem oferecer estrutura é problemático. Muitos dependem dessa renda para sustentar suas famílias. Se forem retirados sem alternativas viáveis, podem cair em situação de vulnerabilidade, o que pode aumentar a criminalidade e gerar insegurança social”, avalia.
Todavia, a especialista alega que a presença de camelôs pode prejudicar o comércio formal: “A banca que está na frente da loja estabelecida, ela tem condição de fazer um preço bem menor do que o comerciante, o empresário estabelecido, então gera uma concorrência desleal”, afirma.
Entre os comerciantes da região, a medida divide opiniões. Para os lojistas formais, a retirada representa uma oportunidade de reduzir a concorrência desleal. É o caso de Marcelo Araújo, proprietário de uma loja de roupas na região da 44. “Eu pago impostos, funcionários, aluguel e todas as taxas exigidas. Enquanto isso, tem gente vendendo o mesmo produto que eu, na porta da minha loja, sem pagar nada. Isso prejudica quem está tentando manter um negócio regular”, desabafa.
Por outro lado, os vendedores ambulantes temem pelo futuro de seus negócios. João da Silva, camelô na 44, critica a decisão. “Eu não estou aqui porque quero, estou porque preciso. Se tivesse condição de pagar aluguel, eu já teria uma loja. Tirar a gente daqui não vai fazer as lojas venderem mais, só vai deixar muita gente desempregada”, argumenta.