Goiás registrou 5.337 casos de câncer intestinal nos últimos cinco anos
Taxa de mortalidade pela doença no Estado é de 11,67 por 100 mil habitantes, índice superior à média nacional

O câncer de intestino, também conhecido como câncer colorretal ou de cólon e reto, é um dos tipos de câncer mais comuns no Brasil. De acordo com as estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA) para o triênio 2023-2025, são esperados aproximadamente 45.630 novos casos por ano, sendo 21.970 em homens e 23.660 em mulheres.
Em Goiás, os casos de câncer intestinal têm se tornado uma preocupação crescente. Dados recentes mostram um aumento expressivo tanto no número de novos casos, quanto nos óbitos pela doença, evidenciando a necessidade de intensificar campanhas de prevenção e rastreamento.
Nos últimos cinco anos, foram registrados 5.337 novos casos da doença no estado. O pico de incidência ocorreu em 2019, quando 1.782 casos foram confirmados. Desde então, os números permaneceram elevados, com 1.206 casos em 2020, 1.170 em 2021, 1.260 em 2022 e 1.291 em 2023. Para 2024, até o momento, já foram notificados 410 casos, o que sugere uma tendência de redução em relação aos anos anteriores.
A mortalidade também chama atenção. De 2010 a 2024, o número de óbitos aumentou progressivamente, atingindo um recorde de 858 mortes em 2024. No período de cinco anos mais recente, 3.748 pessoas perderam a vida devido à doença.
A taxa de mortalidade pela enfermidade em Goiás é de 11,67 por 100 mil habitantes, um índice superior à média nacional, que é de 9,55 por 100 mil habitantes, conforme dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) de 2023. O indicador reforça a necessidade de medidas mais eficazes para a prevenção e detecção precoce da doença.
A coloproctologista Patrícia Romero Prete, do Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia (HMAP), destaca que os principais fatores de risco para a doença envolvem tanto predisposição genética quanto hábitos de vida.
Pessoas com histórico familiar da doença e indivíduos acima de 45 anos são mais suscetíveis, pois nessa faixa etária há maior probabilidade de formação de pólipos intestinais, que podem evoluir para um tumor maligno.
Além disso, a obesidade, o sedentarismo e o consumo excessivo de álcool, carne vermelha, embutidos e frituras também são fatores que aumentam as chances do desenvolvimento da doença. “Os hábitos de vida têm um impacto significativo no desenvolvimento do câncer colorretal”, alerta o especialista.
A doença pode ser silenciosa, sem apresentar sintomas nos estágios iniciais, sendo descoberta apenas por meio de exames de rotina. No entanto, alguns sinais podem indicar a necessidade de investigação, como sangramento nas fezes (visível ou não), dor abdominal persistente, alterações no hábito intestinal, como diarréia ou constipação, além de anemia, fraqueza e perda de peso inexplicada.
O exame mais eficiente para detecção da doença é a colonoscopia, recomendado a partir de 45 anos ou antes, caso o paciente apresente sintomas de alerta. Esse exame permite visualizar todo o intestino grosso e reto, além de possibilitar a remoção imediata de pólipos, que são lesões benignas com potencial de transformação maligna.
Para prevenir o câncer, além do rastreamento precoce, a adoção de hábitos saudáveis é essencial. Segundo Patrícia, manter uma alimentação rica em frutas, verduras e legumes, evitar o consumo excessivo de carne vermelha, embutidos e alimentos com corantes e conservantes, além de controlar o peso corporal, são medidas fundamentais para reduzir o risco de câncer colorretal.
Quando descoberto no início, a chance de cura da doença chega a 90%. “Se detectada precocemente, uma cirurgia pode ser curativa, sem necessidade de quimioterapia ou radioterapia. Porém, em casos mais avançados, esses tratamentos podem ser necessários, dependendo da extensão da doença”, explica a médica.
No caso específico do câncer de reto inferior, o tratamento geralmente ocorre de forma inversa, com o paciente realizando a primeira quimioterapia e radioterapia antes da cirurgia.
Após o tratamento, o acompanhamento médico deve continuar por pelo menos cinco anos, período em que são realizados exames como colonoscopia, tomografia e monitoramento de marcadores tumorais. “Se após esse período não houver sinais da doença, consideramos o paciente curado”, conclui.
A colonoscopia é um exame essencial para a detecção precoce do câncer de intestino. O procedimento permite visualizar o interior do intestino grosso e identificar alterações, como pequenas lesões que podem evoluir para tumores. Caso necessário, essas lesões podem ser removidas durante o exame, prevenindo o avanço da doença.
Mutirão de prevenção ao câncer de intestino
Desde a segunda-feira, 17 de março, a Secretaria da Saúde de Goiás (SES) iniciou um mutirão para a prevenção do câncer de intestino na cidade de Goiás. A iniciativa faz parte da Campanha Março Azul e segue até o próximo sábado (22), visando conscientizar a população sobre essa doença silenciosa, que pode ser fatal se não diagnosticada precocemente. O mutirão contará com a realização de 600 exames de colonoscopia na Policlínica Estadual da Região Rio Vermelho.
A campanha é realizada em parceria com a Secretaria de Saúde da cidade de Goiás (SMS), a Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (Sobed) e a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP). Todos os anos, uma cidade brasileira é escolhida como foco da mobilização, reforçando a importância da prevenção e do diagnóstico precoce.
“Estamos há mais de um mês sensibilizando os moradores que fazem parte do grupo de risco. Começamos distribuindo potes coletores para o FIT Test, que detecta a presença de sangue oculto nas fezes, um possível sinal de alerta para o câncer intestinal”, explica Érika Lopes, superintendente de Regionalização da SES.
Homens e mulheres entre 45 e 70 anos que receberam os kits ainda podem realizar o teste gratuitamente nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e na Policlínica Estadual. Caso o resultado do exame indique alterações, os pacientes serão encaminhados para a colonoscopia na Policlínica Estadual da Região Rio Vermelho, ainda neste mês.
“Reforçamos a importância de que os moradores do grupo de risco realizem o teste de sangue oculto nas fezes e, se necessário, aproveitem a oportunidade para fazer o exame oferecido na campanha”, destaca Hélio Moreira Júnior, coordenador da Campanha de Câncer Intestinal em Goiás