Todo mundo quer se sentir amado e acolhido, mas nem sempre essa necessidade emocional é bem administrada. De acordo com um estudo da Fepo Psicólogos, 84,6% dos brasileiros já demonstraram algum nível de carência excessiva em seus relacionamentos. Esse sentimento pode ter origens na infância, muitas vezes ligado a traumas, abandono ou falta de acolhimento emocional. Nos homens, o impacto costuma ser ainda maior, já que o estigma social de “ser forte” impede que muitas emoções sejam expressadas ou trabalhadas de forma saudável.

Quando a carência afeta a vida

A terapeuta integrativa Márla Camilo explica que a ausência de acolhimento emocional na infância pode resultar em uma base emocional frágil na vida adulta. “Quando uma criança cresce sem o suporte afetivo adequado, ela pode ter dificuldades para se sentir segura e valorizada, o que reflete diretamente em sua autoestima e na forma como se relaciona com os outros”, afirma.

A carência emocional pode apresentar sinais como medo da rejeição, necessidade constante de agradar, dificuldade em expressar vontades e até perda do prazer de viver. Nos homens, a carência pode ser ainda mais difícil de ser reconhecida e enfrentada. “Muitos reprimem seus sentimentos por acreditarem que demonstrar vulnerabilidade é sinal de fraqueza. Isso pode levá-los a desenvolver compulsões, como excesso de trabalho, vícios ou relacionamentos instáveis”, explica Márla.

Esse comportamento pode impactar diretamente a qualidade dos relacionamentos. Quando um homem carente não reconhece sua necessidade emocional, ele pode ter dificuldades na comunicação e na construção de vínculos saudáveis, tornando suas relações instáveis e insatisfatórias.

Como os carentes podem superar esse sentimento?

Superar a carência emocional não significa eliminá-la, mas sim aprender a administrá-la de forma saudável. O primeiro passo, segundo Márla, é reconhecer que o sentimento existe. “Acolher a própria carência é um ato de coragem. Não há problema em se sentir carente, mas é essencial entender que isso não nos define”, orienta.

Criar uma rede de apoio e fortalecer a autoestima são passos importantes para lidar com a carência. “Muitas vezes, o carente busca validação no outro para preencher um vazio interno, mas o essencial é desenvolver uma relação saudável consigo mesmo”, reforça a terapeuta.

Além disso, é fundamental evitar relacionamentos baseados exclusivamente na necessidade de aceitação. “O verdadeiro amor acontece quando conseguimos nos sentir felizes simplesmente pela existência do outro, sem a necessidade de moldá-lo às nossas expectativas”, pontua Márla.

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