Apelo a Trump é última cartada do clã Bolsonaro
Ex-presidente e aliados acreditam na liderança do presidente dos Estados Unidos para pressionar corte brasileira

A ida do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o filho 03 do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), para os Estados Unidos em busca de, nas palavras do parlamentar, “asilo político” em decorrência da suposta perseguição política que sofre, pode ser a última cartada do clã Bolsonaro – que trabalha para livrar o ex-chefe do Executivo das acusações de participar da tentativa de golpe de Estado, em 2022.
Não é segredo que Bolsonaro e seus aliados almejavam o apoio popular em massa na recente manifestação sobre a anistia aos presos pelo 8 de janeiro. No entanto, o resultado do ato mostrou que a pauta só recebe o apelo desejado pelo clã Bolsonaro entre os eleitores fieis ao ex-presidente. Além disso, uma pesquisa recente do PoderData, encomendada pelo Poder360, divulgou que 51% dos brasileiros é contra a anistia dos condenados pelo ato de 8 de janeiro, enquanto apenas 37% dos brasileiros afirmam que apoiam o perdão para os condenados e outros 12% não conseguiram opinar.
Com o ato em Copacabana não rendendo o impacto esperado, a leitura é que a pauta da anistia para os presos pelos atos antidemocráticos na Praça dos Três Poderes, e consequentemente, a narrativa de perseguição política, não é abraçada pela maioria do eleitorado brasileiro.
Sem apoio em massa pela anistia e na iminência do julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) que pode torná-lo réu por tentativa de golpe de Estado, o ex-chefe do Executivo vê no presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a principal esperança para se livrar dos problemas que o cercam. A análise é que, com Eduardo nos EUA – que pediu licença de 122 dias da Câmara dos Deputados – o estreitamento do governo americano com as dificuldades do clã Bolsonaro irá acontecer.
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Conforme divulgado pelo blog da Andréia Sadi, do G1, existe um temor entre os ministros do Supremo que um plano de fuga de Bolsonaro para os EUA esteja em andamento com a ida de Eduardo para o país norte-americano. “É um cálculo político: possuem palco fora, nos EUA, e podem preparar a fuga do pai, que vão chamar de exílio”, avaliou um magistrado em anônimo, para o blog da jornalista.
Vale ressaltar que, com o passaporte apreendido pela Polícia Federal (PF) desde fevereiro de 2024, uma possível fuga do ex-presidente para os Estados Unidos não seria uma operação fácil, já que se trataria de uma viagem clandestina.
Em seu discurso no Senado Federal, durante inauguração do Memorial do Holocausto, Bolsonaro acenou para Trump ao comentar a partida de Eduardo para os EUA. “Para que o mal vença, basta que os bons se omitam. Hoje está sendo um dia marcante para mim. […] No momento, ele [Trump] continuará abraçando o meu filho”.
O ex-presidente é um dos 34 denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) pelos crimes de organização criminosa armada; tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União; e deterioração de patrimônio tombado. Caso se torne réu, Bolsonaro pode ser condenado a 39 anos e 4 meses de prisão. (Especial para O Hoje)