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sábado, 29 de março de 2025
REGIÃO DA 44

Prefeitura de Goiânia anuncia retirada de camelôs da Região da 44

A medida faz parte de um esforço da gestão municipal para reorganizar o espaço público e atender reivindicações de lojistas da região, que há anos reclamam da concorrência dos ambulantes

Postado em 24 de março de 2025 por Micael Silva
Prefeitura de Goiânia anuncia retirada de camelôs da Região da 44 Foto: Divulgação
Prefeitura de Goiânia anuncia retirada de camelôs da Região da 44 Foto: Divulgação

A Prefeitura de Goiânia pretende retirar os camelôs que atuam na Região da 44 até o dia 30 de março. A medida faz parte de um esforço da gestão municipal para reorganizar o espaço público e atender reivindicações de lojistas da região, que há anos reclamam da concorrência dos ambulantes.

A proposta inclui o cadastramento dos trabalhadores informais e sua realocação para galerias, feiras e espaços legalizados. No entanto, a decisão enfrenta resistência da categoria, que argumenta que a mudança pode comprometer sua fonte de renda e descaracterizar o modelo de comércio que se consolidou na área ao longo dos anos.

Plano de realocação

Durante a prestação de contas na Câmara Municipal, na manhã desta segunda-feira (24/3), o prefeito da capital, Sandro Mabel, destacou que a remoção dos camelôs faz parte de um conjunto de ações para “colocar ordem na cidade”.

Ele afirmou que os vendedores cadastrados terão condições facilitadas para ocupar lojas em galerias, pagando apenas o condomínio nos primeiros meses. Após seis meses, haverá um subsídio no valor do aluguel, permitindo uma transição gradual para a legalização.

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Apesar das garantias do prefeito, muitos camelôs se mostram céticos quanto ao sucesso da medida. Alega-se que as galerias não possuem o mesmo fluxo de clientes que as ruas e que os custos, mesmo subsidiados, ainda podem ser um obstáculo para muitos trabalhadores.

A preocupação se intensifica com a possibilidade de que a transição ocorra sem que haja um planejamento adequado para garantir que os ambulantes tenham condições de continuar exercendo suas atividades de maneira sustentável.

Resistência dos camelôs

Os vendedores pedem a ampliação do prazo para a retirada e defendem um modelo alternativo, inspirado na experiência de São Paulo, onde camelôs legalizados pagam uma taxa mensal para operar em espaços públicos organizados.

“Estamos dispostos a pagar impostos e seguir regras, mas não podemos simplesmente mudar a nossa rotina e perder nossa clientela”, argumentou a vendedora Ana Paula.

Além da resistência ao novo formato, os ambulantes questionam a transparência do processo de cadastramento. Muitos dizem não ter sido consultados sobre as mudanças e temem que apenas uma parcela da categoria seja contemplada.

O número de ambulantes ativos na região também gera polêmica: enquanto a prefeitura reconhece 600 trabalhadores, representantes da categoria afirmam que há mais de 3 mil camelôs atuando na área.

Histórico de remoções na capital

A retirada de camelôs em Goiânia não é um tema novo. Desde os anos 1990, sucessivas gestões municipais tentaram reorganizar o comércio informal.

Em 2003, o Mercado Aberto foi inaugurado para abrigar os ambulantes que ocupavam a Avenida Goiás. Em 2014, durante a gestão de Paulo Garcia, a Feira da Madrugada foi criada na 44 para acomodar os trabalhadores irregulares.

Apesar dessas tentativas, muitas das soluções apresentadas não conseguiram evitar que os camelôs retornassem às ruas. Entre os principais desafios, especialistas apontam a falta de adesão ao comércio formal, a resistência cultural da categoria e as dificuldades de fiscalização contínua.

A situação da 44 reflete um problema recorrente no país, onde a informalidade muitas vezes cresce devido à falta de alternativas viáveis para os trabalhadores.

Comissão temporária

Na Câmara Municipal, a retirada dos camelôs gerou debate e resultou na criação de uma Comissão Especial Temporária para discutir soluções.

O colegiado foi aprovado por iniciativa do vereador Heyler Leão (PP) e conta com a participação de outros parlamentares, incluindo ex-camelôs que conhecem a realidade dos ambulantes.

O grupo pretende intermediar o diálogo entre os ambulantes e a prefeitura para buscar alternativas que minimizem os impactos da remoção. Entre as possibilidades analisadas está a criação de um “aluguel social”, que facilitaria a transição dos camelôs para as galerias comerciais.

No entanto, há dúvidas sobre a viabilidade da proposta e se os espaços oferecidos realmente atendem às necessidades da categoria.

A medida também repercutiu entre lojistas da região, que há anos reivindicam a retirada dos camelôs das calçadas. Para o setor formal, a presença de vendedores ambulantes gera concorrência desleal e dificulta o fluxo de clientes.

O secretário municipal de Eficiência, Fernando Peternella, assegurou que a retirada dos ambulantes será conduzida de forma tranquila e reafirmou que a meta é concluir o processo até o dia 30. No entanto, ele indicou que o prazo pode ser estendido, se necessário.

“Se houver necessidade de prorrogação, vamos considerar. Estamos construindo esse processo juntos. O que não haverá mais é a informalidade nas ruas. Sabemos das preocupações de vocês e reconhecemos falhas em gestões anteriores, mas agora estamos aqui para regularizar. Ter legalidade significa paz”, ressaltou o secretário durante audiência pública realizada na semana passada.

Desafios e incertezas

Com a data limite se aproximando, ainda há incertezas sobre como será a execução da medida. A prefeitura afirma que a remoção será conduzida de forma organizada, mas os camelôs temem perder sua fonte de renda caso não consigam se estabelecer nos novos espaços.

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